Organização católica une-se a apelo do Papa para travar conflitos na região

Roma, 25 jun 2025 (Ecclesia) – A confederação internacional da Cáritas denunciou hoje a fome que afeta a população de Gaza e o uso dos alimentos como arma de guerra, por parte de Israel.
“As pessoas em Gaza continuam a ser privadas do acesso a serviços essenciais, sofrem de fome e são deixadas em desespero, enfrentando a escolha cruel entre morrer de fome ou arriscar-se a ser mortas ao tentar obter comida”, refere uma nota da instituição católica, enviada à Agência ECCLESIA.
A ‘Caritas Internationalis’ junta-se ao apelo do Papa Leão XIV para “silenciar as armas e restaurar a paz no Médio Oriente”, lançado no último domingo, com especial referência à “tragédia humana que se desenrola em Gaza, onde mais de 55 mil civis foram mortos desde o início do conflito”.
“Por trás destes números, famílias inteiras foram destruídas e uma geração traumatizada ficou sem esperança para o futuro”, advertem os responsáveis da organização.
A confederação internacional, presente em mais de 200 países e territórios, incluindo Portugal, denuncia que “o bloqueio ilegal do acesso da grande maioria das organizações humanitárias profissionais e a militarização da ajuda criaram uma situação humanitária calamitosa, desesperada e inaceitável”.
As pessoas precisam de mais do que apenas retórica e promessas vazias. Precisamos de vontade política para nos envolvermos em diálogos e diplomacia construtivos, ações concretas e, acima de tudo, uma liderança mundial responsável que se preocupe com a humanidade, a paz e o bem comum. Essa vontade política deve unir todos para promover a paz, pois o mundo não pode se dar ao luxo de uma III Guerra Mundial.”
A confederação da Cáritas fala de “anúncios confusos de cessar-fogo” entre Israel e o Irão, num momento em que “o direito internacional é descaradamente ignorado e violado diante de muitos conflitos em curso em todo o mundo”.
“Os Estados estão cada vez mais a falhar no cumprimento dos seus compromissos e no respeito pelas obrigações internacionais que assumiram. Este desrespeito pelo direito internacional e pela dignidade humana é evidente nos conflitos em curso, onde civis inocentes são os mais afetados pela violência e pelo sofrimento”, pode ler-se.
A organização católica entende que a situação na região do Médio Oriente é “marcada pela incerteza, pela paz frágil e pela instabilidade”.
“Os riscos de a região mergulhar numa espiral de violência mais ampla são elevados, com consequências humanitárias catastróficas, como testemunhado pelas tensões recentes, incluindo os recentes ataques terroristas contra comunidades cristãs na Síria”, acrescenta a nota.
Todos os meios diplomáticos e o diálogo devem ser utilizados para evitar o agravamento das crises humanitárias existentes e a criação de novas crises na região, com potenciais implicações globais.”
A Cáritas exorta a comunidade internacional a “defender a paz e a estabilidade e a exercer pressão sobre todas as partes envolvidas, para que se empenhem num diálogo construtivo e na diplomacia, a fim de alcançar uma paz e estabilidade justas e duradouras na região do Médio Oriente”.
O apelo convida todos os responsáveis políticos a “garantir a proteção eficaz dos civis” e “uma assistência humanitária segura e sem obstáculos”.
OC
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