Ofensiva terrestre do Exército de Israel afeta centenas de milhares de pessoas

Lisboa, 18 set 2025 (Ecclesia) – A Cáritas Internacional e mais de 40 organizações humanitárias alertam para o impacto da ofensiva terrestre do Exército de Israel na cidade de Gaza, falando numa “sentença de morte” para a população do enclave palestino.
“Os ataques militares intensificados de Israel à cidade de Gaza e as ordens de deslocamento forçado para toda a cidade estão a deixar as famílias num dilema impossível: fugir e arriscar a morte na estrada e em áreas de deslocamento superlotadas, ou permanecer e enfrentar bombardeamentos implacáveis nos seus abrigos. A fome e o cerco aguardam-nas independentemente da escolha”, refere a declaração subscrita pelas organizações, ligadas a várias confissões religiosas e à sociedade civil.
A confederação internacional da Cáritas sublinha que “o ataque de Israel à cidade de Gaza equivale a uma sentença de morte”.
“A nossa única exigência é a vida. Somos seres humanos como vocês, queremos viver com dignidade e segurança, não morrer de fome ou de bombas”, assinala Ayman (nome fictício), pai que se refugiou com a sua família na cidade de Gaza.
Segundo o comunicado, “quase um milhão de palestinianos, famintos, enlutados e deslocados várias vezes, permanecem na cidade de Gaza”.
Se a operação de Israel continuar, os hospitais serão isolados e atacados, os abrigos e escolas bombardeados, os comboios de ajuda humanitária bloqueados e aqueles que estão demasiado fracos, idosos ou doentes para fugir serão deixados à morte.”
Abeer (nome ficíticio), trabalhadora humanitária, afirma que os palestinos “estão “cansados de fugir de um lugar para outro”.
Segundo as organizações humanitárias e da sociedade civil, “Israel está a obstruir deliberadamente as operações humanitárias”.
“Os camiões de ajuda continuam a ser recusados e as ONG internacionais são deixadas no limbo por um regime de registo opaco, mesmo com a fome a agravar-se”, pode ler-se.
A declaração conjunta realça que “o Tribunal Internacional de Justiça reconheceu que os palestinos em Gaza têm o direito de ser protegidos do genocídio”.
“Cada ato de deslocamento forçado e cada onda de fome tornam esse perigo mais certo – e o mundo não pode alegar que não previu isso. Permitam a entrada dos nossos bens. Permitam-nos trabalhar. Parem com este ataque”, indica o texto, assinado por 45 organizações.
O Exército israelita lançou na segunda-feira à noite uma série de ataques aéreos intensos contra a cidade de Gaza, acompanhando a invasão terrestre da capital do enclave palestino.
O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) alertou hoje que os hospitais de Gaza estão “à beira do colapso”, devido à ofensiva.
Segundo Tedros Adhanom Ghebreyesus, os feridos e pessoas incapacitadas não conseguem chegar a locais seguros, colocando as próprias vidas em “grave perigo”.
OC