As medidas de austeridade são necessárias, mas não preparam o futuro, na opinião de D. Carlos Azevedo, presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social.
“Eu penso que no seu conjunto as medidas são necessárias, vêm consertar falhas do passado, mas não preparam o futuro”, afirmou.
Em declarações à Renascença, o Bispo Auxiliar de Lisboa pede aos políticos que sejam responsáveis.
“O exemplo da irresponsabilidade é desastroso. Todos os cidadãos, ao ver os sacrifícios que são chamados a fazer, querem muito rigor e muita clareza e transparência sobre o resultado deste seu sacrifício e as habilidades de contabilidade para disfarçar a realidade têm sido, por vezes, o motivo de desconfiança das pessoas”, assinala D. Carlos Azevedo.
Ainda sobre as medidas de austeridade, o presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social diz que “o apertar o cinto, geralmente, recai sobre aqueles que estão já com o cinto bastante apertado”. Sugere, por exemplo, cortes nas pensões mais elevadas e defende a manutenção do compromisso de aumentar o salário mínimo nacional.
“Penso que será necessário ainda atender a outras intervenções em áreas de gente que está melhor na vida e que precisa também de ser chamada à responsabilidade, porque a austeridade, a sobriedade, a quebra do consumismo é essencial, nós não podemos viver para servir uma economia e uma economia capitalista exacerbada, para obter resultados, mesmo a custo das pessoas e do planeta”, defende.
O Bispo Auxiliar de Lisboa apela aos líderes políticos deixem de lado os interesses partidários e se entendam para viabilizar o Orçamento de Estado para 2011.
Nesta entrevista à Renascença, D. Carlos Azevedo diz esperar que os cortes anunciados não prejudiquem as instituições do sector social da Igreja, que prestam auxílio sobretudo à faixa mais carenciada da população.