Atuais responsáveis e antigos colaboradores sublinham papel da emissora católica portuguesa, particularmente no pós-25 de abril
Lisboa, 03 abr 2012 (Ecclesia) – A Rádio Renascença (RR) assinala este ano o seu 75.º aniversário, após um percurso que a tornou “uma referência incontornável no setor da comunicação social” em Portugal, segundo o presidente do Conselho de Gerência do grupo.
“A data merece festiva comemoração; mas aconselha, sobretudo, que se reflita sobre o presente e o futuro de uma instituição que não vive isenta de desafios, nem da tensão dos riscos”, escreve hoje o padre João Aguiar Campos, também diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja, no editorial da Agência ECCLESIA.
Segundo este responsável, “o grande desafio que hoje se coloca à Renascença (e aos demais meios de comunicação social da Igreja) diz respeito às pessoas”.
Os 75 anos da Rádio Renascença, que vai ser condecorada pelo presidente da República, assinalam-se a 10 de abril, numa celebração presidida em Lisboa pelo cardeal-patriarca, D. José Policarpo.
José Luís Ramos Pinheiro, gerente do grupo r/Com – renascença comunicação multimédia, homenageia a figura de monsenhor Lopes da Cruz, fundador da emissora católica portuguesa, pela sua “visão e ação” como alguém que “sonhou e criou o primeiro grupo multimédia português”.
Este responsável evoca os acontecimentos ligados ao 25 de abril, os quais “permitiram, a um nível nunca visto, entrelaçar a Rádio Renascença com o país”.
“A causa da Renascença, mesmo que instrumentalizada por alguns, tornou-se na causa de Portugal e dos portugueses que aspiravam à liberdade efetiva e que resistiam a novas formas de totalitarismo”, sublinha, em texto hoje publicado no semanário Agência ECCLESIA.
Nelson Ribeiro, diretor de programas da RR e autor da obra ‘A Rádio Renascença e o 25 de Abril’, reforça a ideia de que seria após a revolução de 1974 que a estação entraria numa fase de “grande afirmação” na sociedade portuguesa.
“Durante o PREC [sigla que designa o ‘Processo Revolucionário em Curso’, no pós-25 de abril de 1974] o controlo da Emissora Católica transformou-se num palco central da luta ideológica que então se travava no país. Tal tornou-se sobretudo visível a partir de maio de 1975 quando a Renascença foi ocupada por elementos da extrema-esquerda, que passaram a controlar a emissão à revelia da hierarquia da Igreja”, recorda.
O antigo presidente do Conselho de Gerência da emissora católica, Fernando Magalhães Crespo, destaca a emoção que sentiu com o reinício das emissões, a 1 de janeiro de 1976, após a ocupação em Lisboa, e o caminho até ao “primeiro nível de audiência nacional de rádio”.
“A Rádio Renascença não é uma simples emissora religiosa. Bem para além dos seus programas especificamente religiosos, por sinal de grande audiência, tem sido uma rádio generalista, abordando todos os assuntos que podem interessar às pessoas, geradora de movimentos de solidariedade, suscitadora de identificação consigo própria, no fundo a ‘Companhia Amiga’ dos seus ouvintes”, assinala.
Já monsenhor José Reis Ribeiro, antigo colaborador e membro do Conselho de Programas da Rádio Renascença, recorda os desafios que se colocaram perante “uma sociedade muito mais aberta e interpelante de valores humanos e novas perspetivas cristãs” e um mundo “em profunda mutação cultural e religiosa”.
O aniversário da Renascença está em destaque no dossier inserido na mais recente edição do Semanário Agência ECCLESIA.
OC