Profissionais da comunicação têm missão delicada em tempos de crise, diz D. Pio Alves
Fátima, Santarém, 27 set 2012 (Ecclesia) – O presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais disse hoje em Fátima que o silêncio é uma “exigência” para preservar a qualidade da comunicação num tempo de “pressa” mediática.
“Na aparente incompatibilidade entre silêncio e comunicação esconde-se muito do que esta tem de essencial”, referiu D. Pio Alves na abertura das jornadas nacionais de comunicação social promovidas pela Igreja Católica.
O também bispo auxiliar do Porto distinguiu este silêncio daquele que é “imposto de fora”, o silenciamento.
“Faltam silêncios, faltam alguns silenciamentos, sobram silenciamentos”, destacou.
O prelado observou que “o chamado ‘quarto poder’ subiu significativamente na sua escala” e há situações em que o “Estado, a Igreja e as grandes instituições sociais” só têm poder quando, “legitimamente, conseguem entrar na rede da comunicação”.
O responsável da Igreja Católica para o setor declarou que nas situações de “grave emergência social” aumenta a responsabilidade dos profissionais dos media em não sobrepor o “capricho pessoal” ao bem comum, evitando “gestos incendiários”.
Esta jornada, dedicada ao tema ‘Silêncios e os silenciamentos’ nos media, inspira-se na mensagem do Papa para o Dia Mundial das Comunicações Sociais 2012 e decorre no Seminário do Verbo Divino, com a presença de cerca de centena e meia de participantes.
D. Pio Alves aludiu a alguns condicionamentos da ação dos profissionais da comunicação, como “a prepotência do poder, o peso do dinheiro, a força de um favor, a estabilidade de um emprego, medo de represálias de qualquer tipo, a legítima vontade de subir na vida”.
Para este responsável, o cumprimento de “códigos deontológicos e estatutos editoriais” não se sobrepõe à “qualidade humana e profissional do comunicador”.
“Os comunicadores são cada vez mais referenciais de comportamento comunicativo”, frisou.
O programa das jornadas prossegue com a conferência ‘Dinâmicas de produção de informação e de opinião na Igreja Católica’, proferida por D. Nuno Brás, bispo auxiliar do Patriarcado de Lisboa.
Pelas 16h30 vai começar o painel ‘Silêncios e silenciamentos na comunicação do religioso’, com o padre José Tolentino Mendonça, diretor do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura, e os jornalistas António Marujo (jornal ‘Público’) e Graça Franco (Rádio Renascença).
‘Silêncios e silenciamentos no atual contexto mediático’ é o tema do debate que a partir das 18h30 junta Carlos Magno, presidente da Entidade Reguladora para a Comunicação Social, Orlando César, que dirige o Conselho Deontológico do Sindicato dos Jornalistas, e Manuel Vilas-Boas, jornalista da TSF, com moderação de Alexandra Serôdio, repórter do ‘Jornal de Notícias’.
O programa de hoje termina com a reunião dos membros da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã, agendada para as 21h00.
Na sexta-feira, dia final dos trabalhos, a agenda inclui a conferência ‘Liberdade, responsabilidade, regulação’ do antigo líder social-democrata, Luís Marques Mendes.
A intervenção vai ter como comentadores o sacerdote e jornalista António Rego (TVI), antigo diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais (SNCS) da Igreja, e Eduardo Oliveira e Silva, do jornal ‘i’, com moderação do cónego João Aguiar, presidente do Conselho de Gerência da Renascença e diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja.
OC