Programa «E Deus criou o Mundo» é apresentado esta quarta-feira a Francisco em forma de livro, após passagem por congresso na Pontifícia Universidade da Santa Cruz
Lisboa, 17 abr 2018 (Ecclesia) – O programa de rádio intitulado ‘E Deus criou o Mundo’, centrado no diálogo inter-religioso e emitido na Antena 1, vai ser apresentado esta quarta-feira ao Papa em forma de livro.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, Carlos Quevedo, autor e produtor do programa, realça a oportunidade “muito especial” de dar a conhecer a Francisco um projeto que pretende ser “um contributo para a paz”, a base “mais importante do diálogo inter-religioso”.
O jornalista argentino revela que foi do próprio Papa que retirou a inspiração para este projeto, a partir dos diálogos que Jorge Mario Bergoglio manteve durante anos com o rabino Abraham Skorka, quando ainda era arcebispo de Buenos Aires.
Uma iniciativa que serviu também para vincar que “o diálogo inter-religioso não é uma ferramenta para converter”, mas sim “para conhecer o outro”, para colocar em cima da mesa aquilo que são pontos “em comum” e as “divergências”, sustenta Carlos Quevedo.
Num tempo em que a religião tem sido frequentemente associada à violência, sobretudo devido aos atentados que têm acontecido em vários países, reivindicados pelo grupo fundamentalista Estado Islâmico, o jornalista salienta a relevância do diálogo inter-religioso também para desfazer este “equívoco”.
“Não é a religião em si que faz a guerra, são interesses e outras questões complicadas que são diferentes de época para época”, aponta o comunicador.
O programa ‘E Deus criou o Mundo’ nasceu há de três anos e passa todas as terças-feiras na Antena 1, às 23h10.
A Antena 1 tem em emissão desde 2009 um outro programa, inter-religioso, denominado a ‘Fé dos Homens’ (segunda a sexta-feira, pelas 22h45; 06h00 aos domingos), da responsabilidade editorial de 13 confissões religiosas, como concretização do artigo 25.º da Lei de Liberdade Religiosa, onde se garante “um tempo de emissão” às “igrejas e demais comunidades religiosas inscritas” em Portugal.
Já na RTP2, e concretizando o mesmo artigo da Lei de Liberdade Religiosa, o programa ‘A Fé dos Homens’ está presente no canal público desde 1997, é emitido habitualmente às 15h00, de segunda a sexta-feira, e aos domingos a partir das 13h00 (programa ‘Caminhos’ e programa ’70×7′).
A presença da Igreja Católica na ‘Fé dos Homens’ é concretizada através do Programa ECCLESIA, da responsabilidade editorial e de produção do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, organismo da Conferência Episcopal Portuguesa.
A cada semana, a emissão de ‘E Deus criou o Mundo’ junta em estúdio um representante católico, Pedro Gil, um membro da comunidade muçulmana, Khalid Jamal, e um representante judaico, Isaac Assor, num diálogo moderado por Henrique Mota.
Os temas são variados, desde os mais próprios de cada religião, como o “pecado”, a “oração” ou a “culpa” até assuntos comuns a toda a sociedade, e mais presentes na opinião pública, como “a violência, o divórcio, o aborto e a homossexualidade”.
A ideia é dar atenção à “atualidade”, sem descurar aquilo que é a “doutrina própria das três religiões”.
Isto porque, segundo Carlos Quevedo, “as pessoas não sabem muito acerca da própria religião”, porque é que “ela atua de determinada maneira, porque é que temos dogmas que são inegociáveis”, mesmo quando está em causa a crença “no mesmo Deus”.
“Há algo a fazer, se não a evangelização pelo menos a informação do que trata cada religião”, aponta o jornalista argentino.
No livro dedicado ao programa, que vai ser apresentado ao Papa após a audiência geral desta quarta-feira, estão condensados os temas principais abordados ao longo destes três anos no programa ‘E Deus criou o Mundo’, através de uma edição “especial” da editora ‘Saída de Emergência’.
A oportunidade de estar com Francisco surgiu depois de um convite feito pela Pontifícia Universidade da Santa Cruz, para os intervenientes no programa ‘E Deus criou o Mundo’ participarem num congresso internacional sobre comunicação, que decorre de hoje a quinta-feira, em Roma.
“Fomos convidados pela singularidade do programa. Para nós é um reconhecimento, é como um prémio”, reforça Carlos Quevedo, que destaca ainda o trabalho que o Papa, seu conterrâneo, tem feito desde 2013 na Igreja Católica e no mundo.
“Sem dúvida Francisco está a tornar-se um Papa muito marcante para a história da Igreja”, realça Carlos Quevedo, numa entrevista que pode ser acompanhada esta tarde, a partir das 15h00, no Programa ECCLESIA na RTP2.
O XI congresso internacional sobre comunicação, em Roma, reúne 400 pessoas de vários países, incluindo Portugal, entre profissionais dos media, responsáveis de secretariados diocesanos ou conferência episcopais, professores e universitários.
JCP/OC