Media: Leão XIV conta com os jornalistas «para que a paz se estabeleça verdadeiramente» – Aura Miguel

A poucos dias do Dia Mundial das Comunicações Sociais, jornalista da Rádio Renascença e vaticanista recorda primeira mensagem do Papa aos profissionais deste setor e diálogo que teve com Leão XIV

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 29 mai 2025 (Ecclesia) – Aura Miguel, jornalista da Rádio Renascença e vaticanista, considera que o Papa conta com os jornalistas para concretizar a paz, lembrando a mensagem no primeiro encontro que Leão XIV teve com os profissionais da comunicação social.

“[O Papa] insistiu várias vezes naquelas primeiras palavras e é interessante que tenha transportado justamente para o que ele tinha para dizer aos jornalistas, ajudando-nos também a perceber que ele conta connosco para que a paz se estabeleça verdadeiramente”, afirmou, em declarações ao Programa ECCLESIA, transmitido hoje na RTP2.

De primeira audiência pública aos profissionais dos media que acompanharam o Conclave, realizada no dia 12 de maio, Aura Miguel, que marcou presença, lembra outras mensagens deixadas pelo Papa, como “não cair na mediocridade”: “Eu pelo menos leio isso, não alinhar com o que todos dizem, com o que é mais fácil ou o que agrada ao mundo, aos patrões”.

“Também uma indicação para aqueles que detêm os meios de comunicação social, para respeitarem a verdade, em vez de esquemas e objetivos para os quais, muitas vezes, são usados os media e, por isso, vítimas, de certo modo – os jornalistas que não cumprem o que é que os patrões querem que se faça”, recorda.

A vaticanista destaca ainda a mensagem para evitar a “gritaria” que o Papa Leão XIV “definiu como torre de Babel, em que a comunicação é mais gritos e palavras de princípio e de expressão ideológica quase, em vez de respeitar a objetividade das coisas”.

“Há um grande desafio no primeiro discurso que o Papa nos deu, sem dúvida”, assinalou na entrevista realizada nas vésperas do Dia Mundial das Comunicações Sociais, que se assinala no domingo.

A jornalista evoca Leão XIV como “um homem de diálogo”, como é conhecido, realçando que mostrou isso “na primeira homilia que proferiu na Capela Sistina ainda para encerrar o conclave”.

“Muitos que pensam, por exemplo, que a fé é só para pessoas pouco inteligentes ou fracas, ao mesmo tempo a atitude de muitos que que maltratam ou ridicularizam aqueles que têm fé. Mas ele, consciente disso, também é diálogo. Ele disse aos cardeais – e vê isso também como a sua missão – somos chamados exatamente a propor a Igreja nesse mundo”, realçou.

Aura Miguel olha para o sucessor de Francisco como “um homem de grande serenidade” e que se caracteriza pela aposta no diálogo: “E se for feito sinceramente, certamente gera uma cultura de respeito e de diálogo. E acho que é isso que é um dos grandes objetivos também deste pontificado”.

Falando na comunicação da Igreja Católica, a vaticanista portuguesa considera que há uma tentação de esta ser “demasiado ad intra” e de usar “uma linguagem que só alguns é que dominam”.

Aura Miguel defende que se a Igreja é “portadora da verdade”, “essa verdade deve suscitar novas formas e até criatividade para comunicar”, e refere que “o Papa dá esse exemplo”.

“Eu acho que ele desarmou um bocado todos quando apareceu, pela sua simplicidade e, ao mesmo tempo, disponibilidade para aquele que vem ao seu encontro. O Papa Francisco também era assim, mas era talvez mais carismático na sua maneira”, indicou.

Leão XIV “cumpriu a tradição” ao encontrar-se com milhares de profissionais de comunicação social no início do pontificado, salienta Aura Miguel, referindo que o facto de a primeira audiência ter sido com os profissionais de comunicação, que trabalham “com grande stress”, é “muito consolador”.

LS/LJ

Foto: Lusa/EPA

Também o primeiro evento do Ano Santo 2025 foi o do Mundo da Comunicação, sendo estes dois acontecimentos, para a jornalista, a confirmação de que a profissão é fundamental e que a Igreja, desde o concílio, “acarinha a presença da comunicação social com critérios” e que é, de facto, “o meio mais poderoso para divulgar o que se passa”.

Aura Miguel foi uma das jornalistas sorteadas que teve a oportunidade de estar com Leão XIV, na audiência com milhares de profissionais de comunicação, que decorreu no Auditório Paulo VI, no Vaticano.

“Saiu o meu nome e eu fiquei numa excitação. Pensei, agora o que é que eu vou dizer ao Papa?”, lembra.

“Quando ele chegou, muito afável, eu apresentei-me e disse-lhe, amanhã é dia 13 de maio, onde Nossa Senhora pediu para se rezar pelo Santo Padre. Desde então, desde as aparições, sempre os portugueses rezam pelas intenções de Santo Padre, sempre, todos os dias, e por isso também estamos a rezar por si”, relata.

O Papa manteve-se sempre “muito atento” e de “mão dada” com a vaticanista e, com “sentido de humor”, disse que o “cardeal Prevost já tinha agendado” uma visita a Fátima, mas “depois surgiram problemas de agenda e agora os planos estão muito alterados”, conta Aura Miguel

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