Jornalista foi galardoado pela Associação Internacional para a Defesa da Liberdade Religiosa, ligada às Nações Unidas
Lisboa, 28 mai 2013 (Ecclesia) – O jornalista e investigador em Ciência das Religiões Joaquim Franco recebeu esta tarde em Lisboa o prémio “Consciência e Liberdade” 2013, promovido pela Associação Internacional para a Defesa da Liberdade Religiosa.
Segundo um comunicado da organização não-governamental ligada às Nações Unidas, publicado na internet, a edição deste ano do galardão tinha como tema “A Liberdade Religiosa na Lusofonia”.
O trabalho vencedor, intitulado “Da liberdade religiosa à urgência do diálogo – A experiência contemporânea” foi considerado pelo júri “uma reflexão fundamentada e original sobre a importância do fenómeno religioso no mundo contemporâneo”.
Em entrevista à Agência ECCLESIA, Joaquim Franco sustenta que o “elevado potencial” da religião, não só em termos espirituais mas também relacionais e comunitários, em ordem ao bem comum, está a ser hoje posto em causa das mais diversas formas.
“A liberdade religiosa, sendo um valor que se quer absoluto, não está absolutamente garantida”, salienta o jornalista, que deixa alguns exemplos.
Por um lado, “a pressão sobre as democracias é cada vez maior, agravada pela recessão económica; a Europa anda assustada e facilmente se relaciona o drama circunstancial europeu a questões como a religião”.
Por outro, “são cada vez mais os sinais da rejeição do património religioso que constitui a memória da própria Europa, excluindo a simbologia religiosa do espaço público, remetendo-o para o privado”.
Joaquim Franco sublinha que Portugal e o Velho Continente têm sido palco de “alguns episódios reveladores de um contexto menos tolerante para com as diferenças religiosas, em nome de uma certa uniformização cultural e legal”.
Aponta ainda para o impacto das divergências alicerçadas “nas novas descobertas científicas, nas novas tecnologias”, já que existem “aspetos da vida e do ser humano que no contexto religioso são considerados sagrados ou intocáveis mas em outros contextos, como científicos, não são”.
“Apesar destes pormenores”, recorda o comunicador e investigador, todos os homens, independentemente da sua crença ou opinião, “caminham sob a mesma base de sustentação ética e moral, à volta da dignidade humana”.
“O problema é que muitas vezes esquecemo-nos deste fator, sobrevalorizando dimensões de tensão que são insignificantes e irrelevantes face ao debate essencial à volta da defesa do bem comum”, refere Joaquim Franco.
Segundo o profissional de comunicação, os media têm também um papel fundamental a desempenhar no enquadramento do fenómeno religioso na “dimensão humana”.
“Espero que este prémio sirva para reforçar a dignidade com que o fenómeno religioso deve ser tratado na comunicação social, pois merece ter gente preocupada na especialização, no aprofundamento, no conhecimento, na atualização, como acontece em outras áreas”, conclui.
JCP