Media: Investigador diz que imprensa de inspiração cristã parece desinteressada no seu futuro

Diagnóstico pelos títulos da AIC revela que são poucas as apostas nas ferramentas da Internet

Leiria, 12 nov 2011 (Ecclesia) – A imprensa regional de inspiração cristã parece não estar “interessada no seu futuro”, disse o investigador Alexandre Manuel Leite no Congresso da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC), que hoje termina em Leiria.

“Fechar/Reinventar” jornais é o tema do 8.º Congresso da AIC onde o diagnóstico pela realidade deste setor da comunicação social revelou a escassez das apostas nas ferramentas digitais.

Alexandre Manuel Leite, autor do livro “Da imprensa regional da Igreja Católica: para uma análise sociológica” (resultado de uma investigação para tese de doutoramento), defendeu a urgência de uma maior profissionalização dos títulos da imprensa de inspiração cristã, onde “o discurso do altar” é frequentemente confundido com o “discurso dos media”.

Na sua intervenção no primeiro dia do Congresso da AIC, o professor universitário lamentou o facto da imprensa regional não comparecer neste debate.

“Não estão interessados no seu futuro”, concluiu.

Pedro Jerónimo, do jornal “O Mensageiro” e investigador do Observatório de Ciberjornalismo, divulgou o resultado de uma sondagem pelos títulos da imprensa regional sobre o uso das ferramentas digitais, concluindo que existe um “desaproveitamento” da Internet por parte destes títulos.

Dos 160 jornais inquiridos (a AIC tem 190 associados “ativos”), responderam 39, dos quais 79,5% tem presença na internet, mas apenas a Agência Ecclesia tem jornalistas a trabalhar exclusivamente para a publicação de notícias online.

Entre os títulos que responderam à sondagem, a maioria a publica nas páginas da internet uma cópia do que distribui em papel e começam a surgir presenças nas redes sociais, nomeadamente o facebook (35%) e o twitter (17%).

A aposta na Internet e a publicação de conteúdos, gratuitos ou pagos, não encontra consensos entre os membros da AIC.

Vitor Serra, do jornal “Reconquista”, de Castelo Branco, prevendo um “futuro aterrador” para a imprensa regional, afirmou no congresso da AIC que “é totalmente impossível viabilizar economicamente um jornal através da publicidade online”.

Apesar da consolidação empresarial e profissional do jornal ‘Reconquista’, com uma audiência de 90% na região, Vitor Serra teme que, por causa da publicação de conteúdos na Internet de forma gratuita, a publicidade diminua.

No diagnóstico sobre a imprensa regional de inspiração cristã foram também apresentados os jornais ‘A Folha de Domingo’, da diocese do Algarve, e ‘O Mensageiro’, de Leiria-Fátima.

No caso do jornal do Algarve, que passou de semanário a quinzenário recentemente, o padre Miguel Neto, diretor do Secretariado local das comunicações sociais, referiu que a diminuição da circulação em papel correspondeu ao aumento da publicação on line.

A estratégia da diocese do Algarve permitiu diminuir os custos e deu maior alcance às notícias publicadas na internet, que atingiram outros públicos e são referenciadas com mais frequência pela imprensa nacional generalista.

Reconhecendo que “é difícil tanto fechar como reinventar” jornais Luis Miguel Ferraz, chefe de redação de ‘O Mensageiro’, defendeu a via da profissionalização como meio de garantir o futuro da imprensa regional.

“Ou queremos viabilizar os nossos meios de comunicação e temos de lutar de igual para igual com outro ameis o mercado” ou “assumimos que estes meios são parte evangelizadora das dioceses e das comunidades e que esses custos são investimentos” na pastoral, afirmou.

O 8.º Congresso da AIC debate neste sábado, em Leiria, as perspetivas para este setor da comunicação social.

PR

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