Media: Imprensa de inspiração cristã deve rejeitar agenda «devocional» e apostar no «jornalismo social»

Cónego João Aguiar Campos no IX Congresso da AIC

Terras de Bouro, Braga, 25 out 2014 (Ecclesia) – O cónego João Aguiar Campos afirmou hoje que a identidade da imprensa de inspiração cristã não corresponde a uma “bandeira beata”, tem de rejeitar uma agenda “devocional” e “apostar no jornalismo social”

“Não podemos, de facto, continuar fechados na agenda política, desportiva ou mesmo devocional; não podemos assistir, impávidos e acríticos, a longas filas para um casting televisivo, enquanto estão desertas as cadeiras onde podem sentar-se os dadores de sangue”, disse o presidente da Assembleia Geral da Associação de Imprensa de Inspiração Cristã (AIC)

Na conferência de encerramento do IX Congresso da AIC, o cónego João Aguiar Campos defendeu uma “maior apetência pelo jornalismo social que dê visibilidade à exclusão, às desigualdades, à pobreza e a quantos – por exemplo mediante o voluntariado – lhes dão aceso combate”.

Para o também presidente do Conselho de Gerência e diretor do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais a identidade da imprensa de inspiração cristã não se traduz numa “bandeira beata” ou “um guichet cómodo” para distribuir “senhas para um naco de paraíso a uma fila de fregueses”.

“Os nossos conteúdos não são, ao menos na generalidade dos títulos, conteúdos essencialmente “religiosos”. Mas na sua normalidade ‘profana’ não podem deixar de traduzir uma presença missionária, que obriga a privilegiar todos os acontecimentos em que se joga a sorte do homem: noticiando-os e ajudando a compreendê-los”, afirmou o cónego João Aguiar Campos.

Para o sacerdote natural de Terras de Bouro, concelho onde se realiza o Congresso da AIC, no Santuário de S. Bento da Porta Aberta, os títulos da inspiração cristã têm de “servir a opinião pública com critério cristão” e “estar na linha da frente da promoção humana, social e cultural da sociedade em geral”.

“Afirmar-se pelo rigor e pela qualidade profissional; não invocar uma neutralidade cobarde quando esteja em causa a defesa da vida e dos mais frágeis; não sucumbir ao respeito humano que esconda a vida da Igreja e a sua doutrina – pois que também a informação eclesial e religiosa deve chegar a todos, com sobriedade e equilíbrio” são, para o cónego João Aguiar Campos, desafios dos membros da AIC.

O sacerdote da arquidiocese de Braga sustenta que “há diferença entre informar e evangelizar” e não  se podem “confundir os planos” que transformem a vocação e identidade dos títulos da AIC num “expansionismo beligerante”.

João Aguiar Campos afirmou que o meios de inspiração cristã têm de  “ler a realidade” sem a “regulamentar”, abandonar a “idolatria do próprio umbigo, “ser voz dos sem voz” e desenvolver um “jornalismo de proximidade.

Na conferência sobre o tema “Comunicar a Alegria do Evangelho – desafios aos meios de comunicação social de inspiração cristã”, o sacerdote referiu que é necessário mostrar “histórias de vidas que merecem ser divulgadas”, ajudando a “vencer a barreira do desinteresse que frequentemente se levanta em torno das propostas da Igreja”.

“Acatemos esta necessidade: precisamos de abrir olhos, ouvidos e coração. Precisamos de abrir, porventura, centros de escuta (cartas ao diretor, por exemplo), em vez de cultivarmos a pressa de dizer ou de nos dizermos”, defendeu o cónego João Aguiar Campos no IX Congresso da Associação, que decorreu entre os dias 23 e 25 de outubro, em S. Bento da Porta Aberta.

PR

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Agência ECCLESIA

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