Media: Igreja Católica sem medo da era digital

Não há conflito com o evangelho desde que verdade não seja «distorcida ou compactada» para caber na estreiteza comunicativa dos media

Lisboa, 04 jun 2011 (Ecclesia) – O responsável da Igreja pelas comunicações sociais, padre António Rego, considera que os católicos “não têm medo dos novos media” e mantêm com eles uma relação “extremamente aberta”.

“Muitas vezes se pensou que a Igreja tem medo destas novidades e avisa mais os riscos do que as potencialidades”, referiu o sacerdote à Agência ECCLESIA, assinalando o envolvimento do Vaticano, paróquias e movimentos com os media digitais, um “meio extraordinário para transmitir a fé”.

O responsável salientou que as estruturas eclesiais devem sentir-se “estimuladas” a investir “em qualidade e atualidade”, orientação que não depende da “doutrina que vem de cima” – uma alusão à hierarquia – mas da “criatividade” das comunidades.

António Rego, que tem assento no Conselho Pontifício das Comunicações Sociais, organismo da Santa Sé, lembrou que Bento XVI dá “uma atenção extraordinária aos novos media”: “Um dia após a sua eleição ele quis falar aos jornalistas – foram quase as primeiras pessoas a quem ele se dirigiu”.

Na mensagem para o 45.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, que os católicos assinalam este domingo, o Papa ressalta que os meios digitais podem responder ao “desejo de sentido, de verdade e de unidade” a que aspira o ser humano.

Referindo-se ao título do texto, «Verdade, anúncio e autenticidade de vida, na era digital», o realizador de televisão afirmou que é “fácil criar uma falsa imagem” pessoal através dos novos media, mas eles também oferecem aos utilizadores uma “oportunidade formidável” de exprimirem a sua identidade sem falsidade.

O coordenador dos programas religiosos da TVI sublinhou que a “instantaneidade e capacidade sintética” dos meios digitais “não está em conflito com o evangelho”, desde que a verdade não seja “distorcida ou compactada para caber na estreiteza comunicativa de muitos media”.

Para o professor do ensino superior, a revolução nas comunicações sociais está a transformar a conceção sobre a pessoa humana: “As próprias universidades reconhecem que os alunos encontram fontes de pesquisa e conhecimento” nas áreas digitais, fenómeno que tem consequências “pedagógicas” e no “processo mental”.

A aprendizagem, memorização, relacionamento e o pensamento alteraram-se porque a sociedade está diante de “outro parâmetro”, com efeitos “antropológicos”, acrescentou.

“Que estejam atentas as pessoas que julgam que os media digitais são uma questão menor, meio arrumada, condenada a desaparecer. Isto é um carro que entrou na nossa estrada, que nos transporta, que faz parte da nossa cultura e civilização”, frisou António Rego.

PRE/LS/RM

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