Media: Igreja Católica assume desafio de manter e reinventar presença no mundo digital, após o confinamento

Responsáveis diocesanos reuniram-se online, projetando celebração do 54.º Dia Mundial das Comunicações Sociais

Foto: Diocese de Aveiro

Lisboa, 22 mai 2020 (Ecclesia) – O Secretariado Nacional para as Comunicações Sociais (SNCS) promoveu hoje um encontro online com responsáveis diocesanos para assinalar o dia mundial dedicado ao setor, num momento de reforço da presença digital da Igreja Católica.

D. João Lavrador, bispo de Angra e presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais (CECBCCS), destacou que o isolamento forçado por causa da pandemia de Covid-19 “obrigou a acelerar algo que é muito importante”, a presença no “digital, as redes sociais”.

“Não é só um meio, mas uma cultura, acrescentou.

O responsável saudou o trabalho feito nas dioceses, que prepara a Igreja “para o futuro” e em conjunto.

O bispo de Angra pediu que a Comunicação Social seja uma voz atenta e de denúncia, num momento em que se projeta uma “sociedade ainda mais desigual”.

D. Nuno Brás, bispo do Funchal e vogal da CECBCCS, falou, por sua vez, da “intensificação da comunicação”, em contraste com “o arrefecimento com todo o resto da vida”.

“Houve proximidade e creio que a proximidade foi capaz de ultrapassar as falhas de qualidade”, acrescentou, defendendo a necessidade de “rever e aprofundar” a noção de participação”.

D. Rui Valério, bispo das Forças Armadas e de Segurança, assinalou a capacidade de “reinvenção” na maneira de ser da Igreja, num “tempo de crise”.

Foto: Arquidiocese de Braga

O debate com os vários responsáveis diocesanos sublinhou o reforço da presença católica, durante a suspensão das celebrações comunitárias, com transmissões através das redes sociais.

Os participantes destacaram, por exemplo, os recursos criados para a Catequese, a nível nacional e diocesano, e o esforço dos sacerdotes para acompanhar as suas comunidades, apesar de se apontar, nalguns casos, a “falta de qualidade” de algumas transmissões.

Para o futuro, apelou-se à manutenção das iniciativas lançadas no tempo de isolamento, onde aconteceu uma maior procura de transmissões, com uma Igreja online e cada vez mais “live”, que promova ações de formação neste campo.

As preocupações passam pela superação de uma “iliteracia digital”, reforçando a “capacidade de estar” numa dimensão específica da vida contemporânea, com conteúdos específicos, para que esta presença seja mais do que a reprodução online da atividade física habitual das comunidades.

Durante a iniciativa foi anunciado o vencedor do ‘Prémio de Jornalismo Dom Manuel Falcão 2020’.

A Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais publicou no início do mês uma nota em que destaca o “serviço fundamental” dos media, durante a pandemia de Covid-19.

“A par com tantos heróis que estão na linha da frente a salvar vidas e acompanhar os que são mais excluídos e isolados, teremos de reconhecer e louvar o serviço fundamental e imprescindível da comunicação social. Toda ela, mas de modo especial a de proximidade como seja a comunicação social regional”, refere o documento, enviado à Agência ECCLESIA pelo organismo da Igreja Católica em Portugal.

A comissão destaca as dificuldades que atingem o setor dos medias e apelam ao apoio das autoridades públicas, como reconhecimento ao trabalho desenvolvido pela Comunicação Social “na coesão nacional, na promoção cultural, na relação que estabelecem entre cidadãos que que estão fora do seu país”.

A Igreja Católica assinala a 24 de maio o 54.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, este ano sem a celebração comunitária da Missa, devido à pandemia, pelo que se sugere que a recolha de donativos para os secretariados do setor (a nível nacional e em cada uma das dioceses) se faça “num domingo que seja mais oportuno”, não sendo possível no dia próprio.

OC

A mensagem do Papa para esta celebração alerta para as narrativas “falsas” e “devastadoras” que marcam a comunicação atual, apelando a um maior espaço para “boas histórias”.

“Numa época em que se revela cada vez mais sofisticada a falsificação, atingindo níveis exponenciais (o ‘deepfake’), precisamos de sabedoria para patrocinar e criar narrações belas, verdadeiras e boas”, escreve.

O texto tem como tema “‘Para que possas contar e fixar na memória’ (Ex 10, 2). A vida faz-se história”, centrando-se no papel central que a “narração” tem na história do ser humano.

Francisco indica que as pessoas têm “necessidade” de se narrar a si próprias, uma narração ameaçada constantemente pelo mal.

O Dia Mundial das Comunicações Sociais foi a única celebração do género estabelecida pelo Concílio Vaticano II, no decreto ‘Inter Mirifica’, em 1963; assinala-se no domingo antes do Pentecostes.

 

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Agência ECCLESIA

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