Cardeal-patriarca sublinha preocupação em reforçar «centralidade» da família
Fátima, Santarém, 25 set 2015 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa disse hoje em Fátima que a “pressão mediática” sobre o próximo Sínodo dos Bispos no Vaticano, dedicado à família, tem gerado expectativas irrealistas na opinião pública.
“Não se há de esperar de um Sínodo de Bispos católicos qualquer indicação contrária ao ensinamento bíblico sobre o matrimónio e a complementaridade homem-mulher”, alertou D. Manuel Clemente, numa intervenção sobre o tema ‘Família e Comunicação’, durante as Jornadas Nacionais de Comunicações Sociais, que reúnem cerca de 100 pessoas.
Citando o presidente do Conselho Pontifício da Família, D. Vincenzo Paglia, o responsável assinalou que “a Família é pouco eclesial e as paróquias são pouco familiares”.
“O Sínodo reforçará acima de tudo a centralidade da família na comunidade cristã”, explicou em seguida.
O presidente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) recordou o “exercício inédito de comunicação social” que representou o inquérito prévio da assembleia extraordinária do Sínodo dos Bispos, em 2014, sobre a família.
“Nunca tal coisa se tinha feito”, sublinhou.
Os trabalhos dessa terceira assembleia extraordinária tiveram grande “relevância” mediática e social.
D. Manuel Clemente assinalou que muitas vezes foi sublinhado “unilateralmente” o tema dos divorciados recasados e do acolhimento dos homossexuais
“Sente-se alguma pressão mediática no sentido de os retomar”, admitiu.
Segundo o cardeal-patriarca importa perceber que a reunião de outubro “já não incidirá sobre os desafios pastoris da família”, mas sobre a sua vocação e missão na Igreja e na sociedade, “no mundo contemporâneo”.
O testemunho das famílias cristãs sobre aquilo que vivem, acrescentou, torna-se "missionário".
Mais de 400 pessoas vão marcar presença na 14ª assembleia ordinária do Sínodo dos Bispos, dedicada às questões da família, que vai decorrer no Vaticano de 4 a 25 de outubro.
Portugal vai ter como delegados o presidente da Conferência Episcopal, D. Manuel Clemente, cardeal-patriarca de Lisboa, e o presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, D. Antonino Dias, bispo de Portalegre-Castelo Branco.
D. Manuel Clemente alertou em Fátima para as consequências da globalização “tecnológica e financeira” deixa famílias e sociedades inteiras “esquecidas”, “sem memória nem projeto”.
O presidente da CEP falou por isso da Família como “lugar e motor de uma sociabilidade nova”, a partir da “proposta cristã”.
“Há muita coisa que hoje se apresenta como progresso que é verdadeiramente um retrocesso civilizacional”, advertiu.
‘Comunicação e Família: partilha de afetos’ é o tema das Jornadas Nacionais de Comunicação Social, que decorrem esta quinta e sexta-feira em Fátima.
Promovidas pela Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais e organizadas pelo Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, as Jornadas reúnem em cada ano responsáveis diocesanos pelo setor dos media, jornalistas e outros profissionais dos meios de comunicação social regionais e nacionais.
O presidente da CEP elogiou o trabalho dos profissionais católicos no setor, sublinhando que “hoje em dia tudo é comunicação ou pura e simplesmente não é”.
"Estamos pouco para os media", confessou, a respeito das experiências das famílias cristãs.
OC