Encontro Ibérico do setor das Comunicações Sociais decorreu em Santiago de Compostela
Santiago de Compostela, 26 out 2022 (Ecclesia) – Os bispos das comunicações sociais da Península Ibérica afirmam que a comunicação deve estar “próxima das pessoas”, deve apelar a uma “esperança maior” e ser “voz dos sem voz, do sofrimento da terra e da dor dos humanos”.
“A comunicação social enfrenta hoje duas possibilidades: limitar-se ao pequeno jogo das intrigas da sociedade de consumo em que vivemos, onde é difícil distinguir a verdade da mentira, ou comunicar uma esperança realista e resistente, sendo a voz dos sem voz, do sofrimento da terra e da dor dos humanos”, afirma o comunicado final do encontro, que juntou os responsáveis das comissões episcopais, decorrido em Santiago de Compostela.
Nos dias 24, 25 e 26 de outubro, a Comissão Episcopal de Meios de Comunicação de Espanha e a Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Socais de Portugal, que coordenam o setor da comunicação social nas respetivas conferências episcopais, realizaram o encontro anual, desta vez sobre o tema “Comunicar uma esperança maior”.
No documento de conclusões, os bispos afirmam que a comunicação só “dará sentido à vida das pessoas” se, para além de cuidar da proximidade, tiver presente que “experiência cristã oferece a dinâmica do perdão capaz de abrir o coração a uma esperança maior, ao mesmo tempo definitiva e transformadora”.
D. João Lavrador distanciou a “esperança” de qualquer sentido ideológico e apresentou o horizonte de “um homem novo” que o ser humano necessita cultivar.
“Esta esperança não rejeita as pequenas esperanças, de cada um e de cada época. Mas isso não chega: há uma sucessão de esperanças, e chegando ao fim, o ser humano procura um horizonte”, reconheceu à Agência ECCLESIA bispo de Viana do Castelo e presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais de Portugal.
“A esperança leva-nos para o futuro. Somos essencialmente sonhadores de futuro e trazemos algo para o presente. A comunicação tem de apresentar esta dinâmica: se recalca só o pessimismo de cada momento, ela deixa uma grande parte do seu humano e sem o integrar na esperança”, acrescentou.
O Encontro Ibérico das Comissões Episcopais de Comunicação Social contou com o “contributo” de João Duque, professor de Teologia e pró-reitor da Universidade Católica Portuguesa, e Xosé Luís Barreiro, politólogo e colunista de imprensa.
“As ideias apresentadas pelos conferencistas ficaram reforçadas pela troca de experiências partilhadas pelos delegados de comunicação presentes neste encontro, confirmando-se a necessidade de saber contar histórias de perdão, reconciliação e esperança”, acrescenta o comunicado.
Para os bispos que trabalham o setor das comunicações sociais, a Igreja deve repensar e construir uma nova presença na cultura, na transformação social e na atividade política com uma participação ativa dos leigos”.
“No tempo em que as ferramentas digitais comunicam de forma intensa, mas com lacunas, a comunicação na Igreja deve continuar a ser repensada, seja pela formação dos comunicadores, seja pelo cuidado nas mensagens que transmite, onde é fundamental a proximidade e o diálogo com todos”, indica o comunicado.
D. José Manuel Lorca, bispo de Cartagena e presidente da Comissão Episcopal de Meios de Comunicação de Espanha, reconheceu, neste horizonte de comunicação, um desafio a todos os que integram a Igreja.
“Quando refletimos não queremos dar doutrina a todos e muito menos aos que se dedicam às comunicações sociais. Apresentamos a nossa reflexão e esperamos que ajude fundamentalmente as pessoas a viver em paz e a partir da alegria que vivem em Jesus”, explicou à Agência ECCLESIA.
O Encontro Ibérico das Comissões Episcopais de Comunicação Social realizou-se em Santiago de Compostela no contexto do Ano Santo Compostelano; o próximo encontro realiza-se em Portugal, na Diocese de Viana do Castelo.
PR/LS