Media: Aumento de encargos e diminuição de receitas ameaçam rádios de inspiração cristã

Dificuldades devem «impulsionar o associativismo no meio rádio», diz presidente da ARIC

Lisboa, 31 out 2011 (Ecclesia) – A Associação de Rádios de Inspiração Cristã (ARIC) considera que o aumento dos encargos e a diminuição das receitas estão a ameaçar o futuro das mais de 70 emissoras filiadas.

“Duvido que alguma [estação] esteja livre de não encerrar”, disse hoje à Agência ECCLESIA o presidente da associação, Nuno Inácio, que se queixa da baixa de receitas da publicidade, da privatização de meios de comunicação pertencentes ao Estado e do crescimento dos custos.

O responsável sublinha que a eventual passagem de canais da televisão e rádio públicas para os privados pode levar ao “esmagamento de preços” nas tabelas de publicidade, ao mesmo tempo que se mantêm as taxas a pagar às entidades estatais que regulam o setor: “Cada vez nos pedem para pagar mais quando temos cada vez menos receitas”.

As estações veem-se também confrontadas com o pagamento de mais “direitos de autor e direitos conexos” às editoras e autores portugueses, reivindicações que não aceitam por considerarem que a divulgação feita pela rádio já é uma ajuda significativa à música nacional.

“Os intérpretes portugueses são os primeiros a dizer que quando as rádios não passam a sua música, não vendem”, sustenta Nuno Inácio, que reconhece que o trabalho de criação musical deve ser apoiado mas não quer que sejam as emissoras a pagarem mais por isso.

As dificuldades financeiras e a indefinição quanto ao formato digital da rádio contribuem para que o presidente da ARIC saliente que o momento atual deve “impulsionar o associativismo”, já que “a partilha é fundamental para ultrapassar as dificuldades”.

No encontro nacional da ARIC, realizado entre sexta-feira e domingo em Palmela, foram propostos projetos que serão objeto de ponderação, como a criação de um setor de venda de publicidade a grandes clientes, o aumento de produção de conteúdos a partilhar pelas associadas e o estabelecimento de uma central de compras.

Nuno Inácio, que na assembleia-geral marcada para março de 2012 em Ponta Delgada vai concluir o mandato de três anos, considera que esta é uma “época muito complexa para a comunicação social em geral e para a rádio em particular”.

O responsável faz um balanço “positivo” da presidência da ARIC, que em 2011 assinala o 20.º aniversário: “Conseguimos manter o trabalho que estava bem feito e tentámos melhorar o que era possível”.

RJM

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