Centenas de pessoas foram desalojadas no bairro de Boukhalef
Tânger, Marrocos, 08 jul 2015 (Ecclesia) – A Arquidiocese de Tânger, em Marrocos, está a enveredar esforços em conjunto com as autoridades locais para resolver “a crise humania” de centenas de imigrantes sem-abrigo que se refugiaram na catedral local.
Segundo um comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, a prioridade tem sido atender às necessidades dos mais frágeis, “em primeiro lugar as mulheres grávidas e com filhos, as mulheres sós, os menores de idade, e os homens com filhos a cargo”.
Desde o início do mês, quando toda a situação começou, a Igreja Católica local, em conjunto com o serviço de acolhimento aos migrantes, conseguiu “encontrar alojamento para 69 mulheres e crianças”, faltando arranjar solução para mais “11 mulheres e um homem viúvo com três filhos pequenos”.
Há ainda que definir o futuro dos muitos imigrantes que acorreram à catedral, desde que se soube que a Arquidiocese de Tânger estava a distribuir comida e outros apoios aos desalojados.
A situação de “emergência” foi despoletada pelo “desalojamento de emigrantes no bairro de Boukhalef”, pessoas maioritariamente de origem subsaariana com alegados problemas de integração junto da comunidade marroquina.
No entanto, o caso “logo se tornou insustentável quando a estas pessoas se juntaram outras que não estavam no mesmo contexto de necessidade”.
Durante o processo de desalojamento, levado a cabo pelas forças de segurança, pelo menos um imigrante perdeu a vida e vários outros ficaram feridos no tumulto que se gerou
“Não compete à Igreja Católica averiguar se estas pessoas o fizeram por iniciativa própria ou foram empurradas por quem tinha interesse em aproveitar uma situação manifestamente mediática”, aponta a arquidiocese liderada pelo arcebispo espanhol Santiago Agrelo.
A multidão de pessoas que se juntou na catedral, vindas de toda a cidade, levou mesmo a Igreja Católica local a encerrar a cripta do monumento, onde estavam a ter lugar os trabalhos de socorro.
De um encontro posterior entre o governador da cidade de Tânger e os imigrantes, ainda na ordem das 150 pessoas, resultou a aposta na identificação e listagem de todos quantos ainda precisam de apoio.
Entre hoje e amanhã está previsto um novo encontro com o governador local e a arquidiocese espera que da reunião saia “uma solução definitiva” para este problema.
JCP/OC