Marketing ajuda a descobrir vocações

Os animadores da pastoral vocacional procuram conhecer melhor os destinatários A Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP)está a promover uma acção de formação de Marketing. Sendo uma disciplina relativamente nova, mas profundamente enraizada na sociedade, pode à partida parecer distante da realidade eclesial e religiosa, o que não corresponde à verdade. Assim pensou a Comissão da Pastoral das Vocações da CIRP, que através dos agentes pastorais quer ter presente “uma linguagem actual com uma clara ligação è sociedade”. O Padre Amadeu Pinto, pertencente à Comissão, dá conta à Agência ECCLESIA que “é um erro enorme não utilizar estas novas técnicas” que a sociedade disponibiliza. O Director do Colégio São João de Brito afirma que “sendo a vocação um dom de Deus, nós temos que a estimular através de meios humanos que existem”. A Comissão manifestou alguma preocupação sobre a melhor forma de animar a pastoral vocacional “e lembrou-se se esta não seria também uma questão de marketing”, explica o Pe. Amadeu Pinto, pois “para que uma instituição possa ser escolhida ou apresentada aos jovens deve também passar uma mensagem clara, transparente, bonita, e o marketing ajuda nisso”. Assim, esta Escola Prática de Marketing (EPM) pretende proporcionar aos promotores vocacionais um conhecimento mais aprofundado sobre algumas técnicas para que eles as possam aplicar no seu trabalho pastoral. “Cada religioso ou consagrado tem obrigação de estar atento aos sinais dos tempos”, assinala o responsável pelo curso, caso contrário “ficamos fechados nos nossos hábitos e convicções. O Espirito Santo dá vocações mas se não fazemos nada por elas, não adianta”, explica o Pe. Amadeu Pinto. A EPM tem um programa de três dias onde se irão aprofundar conceitos teóricos, mas depois experimentados na prática. Marina Petrucci, directora de clientes de uma empresa de estudos de mercado é a formadora do primeiro dia de curso. “Sendo religiosos ou qualquer outro tipo de grupo profissional, têm também uma mensagem a transmitir e por isso mesmo, necessidade de conhecer o outro”, através das suas expectativas, o que pensa e a forma como vai reagir. A mensagem adquire entre os religiosos “um contexto próprio mas nada descabido, porque percebemos que as questões de marketing se estão a generalizar”, explica Marina Petrucci. Também os religiosos se aperceberam que podem tirar proveito dessas técnicas estando por um lado cientes que o seu produto, “o Evangelho, tem especificidades, mas percebemos que podem utilizar a maioria das técnicas e que essas técnicas podem ajudar a gerar informação importante”, refere a formadora. Habituado a trabalhar com os jovens, Pe. Dino Afonso Costa, Franciscano Capuchinho desenvolve o seu trabalho na Baixa da Banheira, Diocese de Setúbal. “A juventude tem um ambiente muito diversificado”, regista e por isso nada melhor do que “perceber a forma de melhor nos relacionarmos com os outros e deixar uma mensagem que cative, seja válida e positiva”. Uma nova forma passa “por uma atitude de comunicação, de estar próximo e perceber as motivações dos outros”, de forma a trabalhar melhor a mensagem que se deseja transmitir. Este padre franciscano acredita que “a Igreja perdeu-se um pouco nos meios de comunicação porque não o considerou como espaço válido para evangelizar”, sublinha. Ao invés “a comunicação pode ser um meio para a mensagem ir mais longe, servindo de amplificador da nossa voz”, por isso afirma prontamente que “o marketing do Evangelho é urgente”. Outro participante entusiasmado na EPM é o Pe. Filipe Martins, pertencente aos Jesuítas. Esta poderá ser uma forma de clarificar melhor a mensagem, pois segundo afirma este jesuíta, o marketing “ajuda-nos a reflectir melhor naquilo em que acreditamos para melhor o podermos transmitir”, explica. Durante uma série de anos “pensou-se que não eram precisas técnicas de transmissão de ideias e que as vocações surgiam naturalmente”. O mundo com tantas solicitações e ideias diversas “mostrou que essa percepção estava errada”. O Pe. Filipe Martins acredita que uma boa promoção de vocações passa também por ajudar as pessoas a pensar em profundidade aquilo que querem para a sua vida. “Se fizermos bem uma promoção de vocações teremos bons padres e freiras e teremos bons maridos e boas esposas e pais de família e bons profissionais”, refere. Perante o que está a aprender o Pe. Filipe vislumbra importantes contributos para “não ficarmos fechados na nossa linguagem, pensando que somos percebidos quando isso não acontece”, explica, abrindo também portas para uma realidade que “se pensa conhecer e afinal não é bem assim”, constata. Com um itinerário que vai percorrer o país, a Comissão da Pastoral das Vocações conta neste ano realizar seis escolas práticas. E os resultados são animadores. Numa apresentação desta “nova metodologia de trabalho” aos provinciais, o Pe. Amadeu registou um grande entusiasmo. “Esta é uma forma de trabalhar. Se dará resultado? Esperamos que sim”, conclui confiante.

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