Mário Soares: Antigo presidente da Comissão da Liberdade Religiosa foi um defensor das «religiões na construção da paz»

Padre Manuel Saturino Gomes recorda a surpresa da nomeação para o cargo

Lisboa, 10 jan 2017 (Ecclesia) – O padre Manuel Saturino Gomes, membro da Comissão da Liberdade Religiosa, disse à Agência Ecclesia que Mário Soares foi um defensor das “religiões na construção da paz e de uma sociedade mais justa”.

Em 2007, Mário Soares foi indicado para presidir à Comissão da Liberdade Religiosa, criada pela Lei 16/2001, cargo no qual seria reconduzido em 2011, onde é representante da Igreja Católica, o padre Manuel Saturino Gomes.

“Causou alguma surpresa a nomeação do Dr. Mário Soares para presidente da Comissão da Liberdade Religiosa, sucedendo ao conselheiro Menéres Pimentel, por decisão do Conselho de Ministros de 28 de junho de 2007”, recorda o sacerdote especialista em Direito Canónico.

“Logo na primeira reunião da Comissão, o antigo Presidente da República salientou a importância das religiões na construção da paz e de uma sociedade mais justa, manifestando a sua imparcialidade e, ao mesmo tempo, sublinhando a sua condição de agnóstico”, acrescentou.

O padre Saturino Gomes sublinha que Mário Soares “confirmou sempre” a sua condição de agnóstico e, “ao longo das muitas reuniões a que ele presidiu, e de outras atividades conexas ao fenómeno religioso, que tiveram lugar noutros ambientes” condenava “todos os extremismos religiosos”.

“Por mais de uma vez confessou-me o seu apreço e respeito pela Igreja Católica, dizendo que não tinha sido tocado pela graça da fé”, recorda o sacerdote dehoniano, acrescentando que Mário Soares “admirava certas figuras da hierarquia católica com quem tinha contatado em encontros oficiais e particulares”.

Mário Soares morreu dia 7 de janeiro no Hospital da Cruz Vermelha, em Lisboa, onde estava internado desde o último dia 13 de dezembro.

O Governo decretou três dias de luto nacional, a partir desta segunda-feira, pela morte do antigo chefe de Estado.

O corpo de Mário Soares está em câmara ardente no Mosteiro dos Jerónimos e o funeral realiza-se a partir das 15h30 de terça-feira no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.

PR

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Agência ECCLESIA

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