A história da presença das confissões religiosas no serviço público de rádio e de televisão não se pode contar sem o trabalho e a determinação de Mário Mota Marques, da comunidade Bahá’í. Apesar da debilidade do seu estado de saúde, ainda assinou o mais recente protocolo entre a Comissão do Tempo de Emissão das Confissões Religiosas e a RTP, a 16 de Setembro, que regula a presença das confissões religiosas na Antena 1. Faleceu no dia 15 de Outubro, deixando aos que com ele trabalharam na referida Comissão e às demais confissões religiosas a concretização desta presença, a partir do próximo dia 1 de Novembro.
Sempre ligado aos projectos de diálogo inter-religioso, a sua persistência, a capacidade de diálogo e agilidade para gerar consensos foi particularmente importante durante as negociações entre as confissões religiosas e entre estas e os operadores de serviço público de rádio e de televisão (que remontam ao início da década de 90). Os que com ele trabalharam mais directamente testemunharão com profundidade a paciência em congregar todas as partes, o cuidado em nunca ferir sensibilidades próprias de cada confissão religiosa e o bom humor que sempre o caracterizava.
O pavilhão inter-religioso na Expo 98, em Lisboa, teve também o contributo de Mário Mota Marques.
Num artigo publicado pela Agência ECCLESIA, a respeito da presença das confissões religiosas na televisão, Mota Marques afirmava: “a existência do espaço “A Fé dos Homens”, que teve início em Setembro de 1997, tem sido um meio privilegiado para que as Confissões Religiosas possam promover valores de interesse social, cultural, ético, moral e espiritual. De realçar também a importância que tem, para o público em geral, verificar que seguidores de Moisés, Buda, Khrisna, Maomé, Cristo e Bahá’u’lláh se congregaram numa série de programas, onde a total ausência de preconceitos e ultrapassadas as diferenças naturais e legítimas, tem exaltado a necessidade imperiosa da obediência e vivência dos elevados padrões de vida dados por Deus à Humanidade. No caso da Comunidade Bahá’í, que se encontra radicada em Portugal há mais de 50 anos, o acesso à Televisão tem tido uma relevância especial, pois tem permitido dar a conhecer os seus Ensinamentos e Escrituras Sagradas, que visam o aperfeiçoamento individual, conduzindo à existência de uma sociedade mais solidária, mais justa e mais espiritual onde, no futuro, a Paz Mundial será uma realidade”.