Marcelo e Francisco

Paulo Rocha, Agência Ecclesia

Poucos dias após ter iniciado o mandato como presidente da República, as comparações entre Marcelo Rebelo de Sousa e o Papa Francisco foram imediatas. “Proximidade” e “afetos” são marcas de um pontificado que a atual presidência está determinada em incluir.

Quando anunciou a candidatura às eleições presidenciais, Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se  à mensagem do Papa Francisco para dizer que "ninguém se salva sozinho" e que é preciso “construir pontes”. Depois, no dia da vitória eleitoral, prometeu particular atenção aos que “vivem nas periferias da sociedade, de que fala o Papa Francisco”. Por ocasião do terceiro aniversário da eleição do cardeal Bergoglio, já como presidente da República Portuguesa, enviou felicitações ao Papa pelo seu “luminoso magistério”.

Em Roma, antes de se deslocar ao Vaticano, Marcelo Rebelo de Sousa contextualizou afinidades que se vão notando, entre o presidente e o Papa. “O Papa Francisco retoma muito da tradição do Concílio Vaticano II, que marcou a minha juventude”. E acrescentou que, “na simplicidade da sua vida, na simplicidade das suas palavras, tem sido uma luz muito importante num tempo de guerra, de injustiça, de confronto”.

Na mesma ocasião, Marcelo classificou como “desproporcionada” a comparação entre o Papa e o presidente. Mas, dispensam-se as palavras para identificar sintonias, prioridades e sobretudo emoções provocadas pelo encontro com o outro e com as comunidades. Bastam as imagens.

Mais do que referenciar aspetos comuns, as correspondências entre os líderes decorre sobretudo do “objeto”, dos destinatários das suas lideranças: a aposta na relação com o outro, no compromisso em criar proximidade com todos. E o relevante estará certamente aí: no potencial transformador que decorre de um serviço, na Igreja e na sociedade, em proveito de todos e do bem comum. Por isso, facilmente vemos corresponder palavras e gestos de acolhimento de todos com discursos que apelam unidade nacional, propostas de misericórdia com a procura do fim da crispação ou a inclusão de cada diferença numa comunidade global crente com a valorização da identidade pessoal e nacional de um povo.

A identidade de cada pessoa é irrepetível. A convergência de todas as diferenças no bem do outro e em causas comuns faz com que todos sejamos cada vez mais parecidos. Por isso este pontificado é luminoso. A presidência começa a ser.

Paulo Rocha

 

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