«Não podemos ficar-nos pela teoria ou pela retórica», frisou representante da Santa Sé junto das Nações Unidas
Cidade do Vaticano, 11 jul 2018 (Ecclesia) – O Vaticano diz que a “promoção de uma pesca sustentável e responsável tem de ser uma prioridade” a nível internacional, com especial atenção para problemas como a exploração laboral e a destruição dos recursos naturais.
Esta posição foi afirmada em Roma pelo observador permanente da Santa Sé junto das organizações e organismos das Nações Unidas, para a Alimentação e Agricultura, o padre espanhol Fernando Arellano.
No âmbito de uma sessão da ONU, que está em curso na capital italiana centrada no tema das Pescas, aquele responsável salientou que “em muitas partes do mundo” a atividade pesqueira “atingiu níveis insustentáveis”, quer em termos ambientais quer humanos.
“Dado que ainda estão em falta medidas concretas para lidar com este contexto, há o risco de esta situação se agravar ainda mais”, alertou o sacerdote.
Para a Santa Sé, a “precariedade” que marca a vida dos pescadores, muitos deles “longe das suas famílias”, alvos de “esquemas fraudulentos de recrutamento”, ou mesmo vítimas de “tráfico humano”, deveria levar “à reflexão os governos e as organizações intergovernamentais ou da sociedade civil”.
Na mesma linha, para a Igreja Católica, está a problemática da pesca descontrolada, da “exploração excessiva dos recursos, da falta de coordenação neste setor”, que tem colocado em causa um número elevado de ecossistemas, com tudo o que isso implica para o futuro do planeta e da humanidade.
“O que é que podemos fazer ou como podemos fazer? Esta é a questão que nós temos de responder de forma consciente, de modo palpável e efetivo. Não podemos ficar-nos pela teoria ou pela retórica. É tempo de agir”, frisou o padre Fernando Arellano.
O observador permanente da Santa Sé apontou de forma particular para a necessidade de “desenvolver medidas efetivas para monitorizar, identificar e resgatar pescadores que estejam a ser vítimas de tráfico, e de tratamento desumano e degradante”.
“Só se colaborarmos todos, se juntarmos esforços, poderemos salvaguardar aqueles que vivem hoje situações de injustiça, e defender os ecossistemas marítimos, as suas diferentes espécies, e acabar de uma vez por todas com a implacável exploração humana que marca de forma negativa a pesca, em muitos países”, sustentou o sacerdote.
Este representante do Vaticano deixou esta mensagem no encerramento da conferência ‘Garantir uma atividade pesqueira social, ecológica e comercialmente sustentável’.
Uma iniciativa integrada na 33.ª Sessão da Comissão de Pescas da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que se vai prolongar até dia 13 de julho, em Roma.
“Temos de trazer para este setor a esperança necessária, que é também fonte de confiança no futuro para tantos irmãos nossos. Se concordarmos que o setor da pesca pode aportar não só recursos materiais, mas também valores espirituais, aquela riqueza interior que tanta falta faz ao nosso tempo, e que é fruto da solidariedade, da partilha e da fraternidade, então poderemos fazer realmente algo de bom”, completou o padre Fernando Arellano.
JCP