Manoel de Oliveira diz que o catolicismo deu «grande expansão às artes»

Cineasta vai falar a Bento XVI no encontro do Papa com os agentes da cultura portuguesa

O cineasta português Manoel de Oliveira defende que o catolicismo deu “uma grande expansão às artes”.

Formado no seio de uma família católica, estudou num colégio dos Jesuítas, em Espanha. “Com dúvida ou sem ela, o aspecto religioso acompanhou-me sempre”, confessa.

“Todos os meus filmes são religiosos”, diz ainda.

Em entrevista à Agência Ecclesia, o decano do cinema mundial aborda o encontro que terá com Bento XVI, no próximo dia 12 de Maio, admitindo que nunca leu nenhuma encíclica nem livros do Papa.

Escolhido para discursar na reunião que irá decorrer no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, Manoel de Oliveira adianta que o seu discurso “não aprofunda a cultura actual” porque “tem de ser uma coisa pequena”.

O cineasta assinala que não tem um conhecimento aprofundado sobre o Papa, mas, diz: “Por aquilo que tenho ouvido é uma pessoa muito culta”. “Foi uma honra muito grande” ter sido escolhido para discursar, acrescenta.

Manoel de Oliveira consultou um dos seus conselheiros habituais, o padre e historiador João Marques, antes de escrever o discurso.

No encontro de Bento XVI com os agentes da cultura portuguesa irão intervir também o próprio Papa e D. Manuel Clemente, Bispo do Porto e presidente da Comissão episcopal responsável por esta área.

Manoel de Oliveira considera não ter vocação de escritor: “Tenho pena”. Apesar de ter mais de cem anos, o cineasta do Porto confidenciou que foi um “mau aluno” e garante que ainda é um aprendiz “das coisas de cinema, da Sétima Arte, da última das artes”.

Os amigos de Manoel de Oliveira tiveram um papel importante no seu percurso cultural. José Régio e Gaspar Simões foram dois amigos das tertúlias. “Uns eram filósofos outros eram historiadores”, frisou.

Não se vê como um dos expoentes máximos da cultura em Portugal. “Considero-me sempre um aprendiz e aprenderei sempre até morrer”, disse.

Gosta da literatura de Camilo Castelo Branco porque “é muito rico e profundo”. Na poesia prefere Mário de Sá-Carneiro: “A poesia quando muito rica transpõe o lado filosófico”.

Ainda no domínio das artes, Manoel de Oliveira opta pela música da pianista Maria João Pires. “É admirável. Já ouvi a mesma música tocada por outras pessoas, mas não tem a mesma riqueza e sentimento”.

«O estranho caso de Angélica», mais recente filme de Manoel Oliveira, integra a selecção oficial do Festival de Cinema de Cannes, que decorre de 12 a 23 de Maio, em França.

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