Mais de metade dos portugueses pensa que João Paulo II deveria renunciar em função da deterioração do seu estado de saúde, segundo uma sondagem realizada pela Universidade Católica para a RTP e Público. Segundo esta sondagem, 56% da população defendem que o Papa “deveria abandonar agora o cargo” e 36% apresentam opinião contraria. Mesmo entre os católicos praticantes (que participam em actos de culto pelo menos uma vez por mês) vinga a ideia, embora com uma pequena margem, de que era preferível o Papa resignar. Mas é no grupo dos católicos não praticantes, agnósticos ou ateus e, sobretudo, entre os fiéis de outras religiões que esta opinião prevalece. Segundo o Pe. António Rego, director do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais da Igreja Católica, o clima que se vive em Roma, contudo, não é “o do fim do Papa”. “Em relação à sua renúncia, acredito que ambas as opiniões sejam legítimas: dar um testemunho quando está fragilizado ou perceber que está no momento de sair são duas leituras possíveis da actual situação, mas não podemos ser dogmáticos”, afirma à Agência ECCLESIA. Convidados a traçar um balanço dos 25 anos de Pontificado de João Paulo II, 87% dos sondados revelaram que estes são “globalmente positivos”, enquanto apenas cinco por cento acham que o balanço é “globalmente negativo”. Os resultados tornam-se ainda mais eloquentes se só se tiver em conta a opinião dos católicos praticantes, com a percentagem de avaliações positivas a ascender aos 93%. Mais concretamente sobre a sua intervenção em assuntos políticos e sociais, a opinião prevalecente é a de que “intervém o que devia intervir” (60%). Quanto à presença das mulheres no seio da Igreja, 56% dos inquiridos responderam ser favoráveis à ordenação de mulheres, contra 32% de opiniões negativas. Mesmo entre os católicos praticantes, a percentagem dos que defendem a existência de ministros ordenados do sexo feminino é maior. Comentando o interesse que estas matérias despertam em pessoas que se assumem como católicos não praticantes, agnósticos ou ateus, o Pe. António Rego assegura que “a temática religiosa é algo que continua a interessar e a questionar as pessoas, mesmo que elas fujam do institucional”.
