Maio Vocacional: cada vida é uma vocação

D. Antonino Dias, bispo de Portalegre-Castelo Branco

Fotos: Agência ECCLESIA

Toda a Diocese de Portalegre-Castelo Branco, após viver o Dia Mundial das Vocações, está convocada a fazer do mês de maio um mês vocacional, refletindo, rezando, reunindo, agindo e vivendo nessa dimensão, sem esquecer a primeira e a mais importante de todas as vocações, a vocação à vida cristã, à santidade, pois todos somos chamados a ser santos. É dentro desse caminho que devemos viver bem a nossa vocação pessoal. Chamados à vida, à fé e à Igreja, urge descobrir cada um a sua própria vocação na Igreja e no mundo, tornando-se um verdadeiro peregrino da esperança e artífice da paz, como afirma o Papa Francisco.

Esperamos que as iniciativas de oração e de animação pastoral, na vivência deste mês de maio, também em comunhão com o Secretariado Diocesano da Pastoral, em geral, e da Pastoral Juvenil e Vocacional, em particular, reforcem a sensibilidade vocacional nas nossas famílias, paróquias, capelanias, comunidades de vida consagrada, associações e movimentos eclesiais. Há pressa no ar!
O mundo tem necessidade de pessoas que vivam com alegria e com amor a sua vocação laical, matrimonial, sacerdotal e religiosa, semeando a esperança. É na relação de umas com as outras que cada uma “se revela plenamente com a sua própria verdade e riqueza”, fazendo da Igreja “uma verdadeira sinfonia vocacional com todas as vocações unidas e distintas em harmonia e juntas «em saída» para irradiar no mundo a vida nova do Reino de Deus”.
Sendo cada vida uma vocação, toda a pessoa precisa de ler a sua vida à luz da Palavra de Deus para discernir qual o caminho a seguir e a missão que lhe é confiada na construção de um mundo melhor. A vida é um dom de Deus para ser vivido e doado a todos dentro dos planos de Deus, de forma feliz e útil, enquanto se caminha para a eternidade. Tal como Jesus doou a sua vida aos outros e pelos outros, assim Ele chama cada pessoa a fazer o mesmo. Muitos já fizeram o seu discernimento e deram a sua resposta ao Senhor e aos outros, de forma responsável e livre, vivendo agora a sua vocação com alegria e empenho, na vida laical, matrimonial, sacerdotal e religiosa. E continuam a ter bem presente que, Deus que os chamou por esse caminho e a essa missão, continua a chamá-los dentro desse mesmo caminho e dessa mesma missão, pois, há sempre a possibilidade de uma maior fidelidade à vocação e à missão.
Há, porém, muita gente que se interroga e vive este problema do discernimento vocacional, sobretudo entre os adolescentes e jovens. É evidente que não se trata de escolher uma profissão, ligada ao que fazer. Trata-se de uma escolha ligada ao ser, é coisa diferente. É certo, porém, que a profissão e outras dimensões da pessoa podem e tenham mesmo de coexistir com a vocação. Por exemplo, a vocação ao matrimónio, com tudo o que ela implica de missão para dentro da própria família, para a Igreja e para o mundo, quem a constitui precisa de ter uma profissão para a sua sustentabilidade.
A profissão, porém, é uma escolha pessoal, tendo em conta inclinações, jeitos e gostos pessoais, fatores financeiros e tendências de mercado, etc. Mesmo assim, qualquer profissão que se exerça não pode ser obstáculo a que se viva e testemunhe a vida cristã, pois a felicidade está alicerçada na vivência do projeto de Deus, seja-se médico, professor, agricultor, atleta, político, advogado… A vocação, mais do que uma escolha pessoal, é a resposta ao chamamento que Deus faz, o qual até pode ir contra os próprios gostos e inclinações imediatas de quem é chamado. Por isso, implica discernimento, saber o que é que o Senhor quer de cada um. Implica estar atento à luz que brota do coração, ao apelo que a partir daí interpela, toca, acalenta, desafia e pede uma resposta responsável e livre, confiando em quem livremente chama. A vocação atinge de modo profundo a vida de cada um, sendo chamado a responder aos apelos de Deus, iluminando a realidade, vencendo os desafios, percorrendo a sua própria estrada.
Assim, convoco toda a diocese a viver este mês vocacional! Alicerçados no pilar da devoção Mariana que molda a vida das nossas comunidades, associações e movimentos, queremos que durante este mês de maio, mês de Maria, a vocação seja mais do que uma intenção na oração, mas seja ela mesma a oração.
Fazendo uso do esquema do Secretariado Diocesano de Pastoral, cada paróquia, cada comunidade e cada família, cumprindo ao mesmo tempo o Mandamento do Senhor que disse: “pedi ao Senhor da messe que mande operários para a Sua messe”; e unidos a Sua Mãe, Nossa Senhora de Fátima, que pediu aos pastorinhos que rezassem “o terço todos os dias”, toda a Diocese, sem prejuízo das iniciativas que poderão existir, é convidada a rezar o terço pelas várias vocações, desde a vocação universal à santidade, à vocação particular de cada um.
No final do mês, em Fátima, na peregrinação diocesana, a parte da tarde, no Centro Paulo VI, será também dedicada à vocação, tornando visível o labor discreto, mas frutuoso, das centenas de comunidades que constituem as 161 paróquias da diocese e que sacerdotes, leigos, diáconos e religiosas animam e dinamizam, envolvendo as catequeses e tudo o que nelas é expressão de vida.
Neste envolvimento estão os jovens, quer pela dinâmica que podem imprimir na vivência deste mês de maio, quer em torno do oratório da Visitação que circula, quer pela preparação da peregrinação a Fátima que farão a pé ou de bicicleta, segundo as propostas do Secretariado da Pastoral Juvenil e Vocacional, quer pelo que for que inventem e traduzam em dinâmicas pastorais. Ao jeito mais irreverente que os carateriza, contamos com eles e lhes pedimos que não deixem de colocar no centro das suas vidas esta questão, a questão mais importante para eles, para a Igreja e para a comunidade humana. Procurando ler a sua vida à Luz de Deus, todos rezamos com eles e por eles, para que respondam com generosidade e desassombro à pergunta que se autopropõem fazer: “Senhor, que queres que eu faça?”.
Perante o chamamento, Maria ficou perplexa, refletiu sobre o chamamento que lhe era feito, interrogou-se a si mesma sobre que significado teria, fez perguntas a quem a podia ajudar, esclareceu-se tanto quanto podia entender, deixou cair o seus projetos meramente pessoais e arriscou, confiando em quem a chamava, dizendo: “Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”. A sua resposta ao chamamento de Deus mudou o mundo!
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