Mafra: Cardeal Tolentino Mendonça coroou imagem de Nossa Senhora da Soledade (c/fotos)

Enviado especial do Papa apelou a compromisso comum, para combater indiferença e solidão

Mafra, 17 set 2023 (Ecclesia) – O cardeal português D. José Tolentino Mendonça presidiu hoje à Missa da coroação da imagem de Nossa Senhora da Soledade da Basílica de Mafra, como enviado do Papa, destacando o simbolismo deste gesto.

“É com muita alegria que o Santo Padre se associa a esta coroação da Senhora da Soledade, expressão do amor do povo da Vila e de quantos se juntaram, organizaram, para tecer uma rede de afeto, de amor e de fé e colocar esta coroa, material, mas sobretudo uma coroa espiritual, feita de devoção, de piedade, de esperança”, sublinhou o prefeito do Dicastério da Cultura e Educação (Santa Sé), na sua intervenção inaugural.

Já na sua homilia, D. José Tolentino Mendonça recordou a passagem do Papa por Lisboa, durante a JMJ, na qual “alentou e rejuvenesceu” a Igreja.

A intervenção destacou a figura de Maria, junto à cruz de Jesus, como “testemunha plena de autoridade”, ao lado do seu filho e de cada membro da Igreja, de uma forma “materna, discreta e amorosa”.

Esta Missa marcou ainda o encerramento do IV Fórum Pan-Europeu de Irmandades e Confrarias, tendo o cardeal português desafiados os participantes a “aprofundar a beleza da fé” e a continuar a “tradição de caridade” que vem desde a origem do cristianismo.

“É a beleza credível, que nos salva”, prosseguiu.

O colaborador do Papa desafiou todos a romper com o “discurso do pessimismo” e a “indiferença”.

“Associemo-nos à Paixão de Cristo e não à nossa vaidade, à nossa indecisa confusão”, advertiu.

D. José Tolentino Mendonça falou da solidão como uma “epidemia descontrolada”, que deve questionar todos sobre o “tipo de sociedade” que é preciso construir.

“Estamos dispostos a lutar uns pelos outros, não só quando é fácil?”, questionou.

Queridos irmãos e irmãs, peregrinos da Senhora da Soledade: até ela, trazemos as nossas vidas, a nossa solidão e a nossa companhia, o nosso desejo de reconciliação e de esperança”.

O Patriarcado de Lisboa sublinha que se trata da “terceira imagem em Portugal a ser coroada em nome e com a autoridade” de um Papa, depois de Nossa Senhora do Sameiro, em Braga, em 1904, e de Nossa Senhora de Fátima, em 1946.

Na carta de nomeação do enviado especial, lida no início da celebração, o Papa evoca “o admirável testemunho de caridade maternal da Santíssima Virgem Maria da Soledade”.

A iniciativa laical, promovida pela Real e Venerável Irmandade do Santíssimo Sacramento de Mafra, permitiu que se reunissem o ouro, prata e os fundos necessários para a execução final do projeto da coroa, indica uma nota divulgada pelo Patriarcado de Lisboa.

As cerimónias religiosas encerraram o programa do IV Fórum Pan-Europeu de Irmandades, que pela primeira vez se realizou em Portugal, evento a que se associaram a Presidência da República Portuguesa, o Dicastério para a Evangelização (Santa Sé), o Conselho das Conferências Episcopais Europeias, com o apoio da Câmara Municipal Mafra, Escola das Armas e Palácio Nacional de Mafra.

Este sábado, o cardeal português presidiu à recitação da oração das vésperas, na Basílica de Mafra.

Em declarações à Renascença, antes desta celebração, o patriarca de Lisboa, D. Rui Valério sustentou que esta ocasião “tem um significado de grande alcance”, reconhecendo as “graças que Portugal, o Patriarcado de Lisboa e Mafra têm recebido por intercessão da Virgem Maria”.

A Missa deste domingo contou com a presença de vários bispos e dezenas de sacerdotes, perante uma assembleia que encheu a Basílica de Mafra, incluindo representantes políticos, civis e militares.

No início da celebração, o padre Luís de Barros, pároco local, destacou que se vive um dia “muito significativo” para Mafra e para Portugal, agradecendo a todos os presentes.

LS/OC

 

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