Ecumenismo: Um olhar português sobre o 41.º Encontro Europeu de Taizé

Testemunhos de quem participa pela primeira vez em casal, de quem gostou e repetiu e de quem já faz esta experiência há 10 anos

Foto Agência ECCLESIA / CB

Madrid, 29 dez 2018 (Ecclesia) – O casal Dora e André Saraiva estão a participar pela primeira vez num Encontro Europeu de Taizé, na cidade de Madrid, integrados numa delegação portuguesa composta por cerca de 600 jovens.

Em entrevista à Agência ECCLESIA, eles partilharam o modo como estão a viver esta experiência, em família, juntamente com milhares de pessoas de todo o mundo.

Para Dora Esteves Saraiva, a presença num acontecimento deste género “faz todo o sentido”, quer em termos da sua “caminhada individual”, quer também no que diz respeito à vida em “casal”.

“É uma maneira de nós conseguirmos recuperar forças interiores”, realça a jovem de 34 anos, que conheceu o marido no grupo ‘Jovens Sem Fronteiras’, o ramo juvenil dos Missionários do Espírito Santo.

“Nós temos uma caminhada católica e espiritual muito forte, muito marcada, que passou por semanas missionárias, por uma experiência ponte nos Palop, e agora que não estamos nos JSF, que já estamos noutra fase, faz sentido aproveitar todas estas oportunidades  que nos surgem para viver um bocadinho a nossa espiritualidade de forma diferente”, salienta Dora Esteves Saraiva.

Dora e André estão casados há 6 anos e meio, já tinham ido à Comunidade Ecuménica de Taizé em França, mas nunca tinham tido a oportunidade de estar num encontro europeu.

Este ano, o evento decorre em Madrid subordinado ao tema ‘Não esqueçamos a hospitalidade’, com a participação de cerca de 15 mil jovens de todo o mundo.

Para André Esteves Saraiva, de 32 anos, o tema da hospitalidade ajuda a potenciar as forças que são conquistadas no Encontro Europeu, e ao mesmo tempo favorece a vivência do tempo de Natal, cuja mensagem aponta sempre para “abrir o coração aos outros”.

“Nós tentamos, como casal, ser uma família de portas abertas para quem precisa, e não nos fecharmos em nós mesmos. Não é por nós casarmos e constituirmos uma casa que está tudo feito, nós precisamos ainda do mundo de fora, e de criar ligações com o mundo de fora, e estamos prontos a dar aquilo que nós recebemos de graça, estes dons de Deus que temos”, completa.

A comitiva portuguesa que está a participar no Encontro Europeu de Taizé, em Madrid, conta com grupos das várias dioceses portuguesas, com maior ou menor experiência deste género de atividades promovidas pela Comunidade Ecuménica proveniente do sul de França.

Para Miguel Jerónimo, um jovem de 31 anos da paróquia de Nossa Senhora da Graça, da Diocese de Setúbal, este é o 10.º encontro europeu de Taizé.

Mais do que uma oportunidade de “festa”, ou de “folia”, de passar o ano ou de fazer novas amizades, o jovem encara este tempo como um meio para vivenciar “um campo indispensável para o cristão atual, que é o ecumenismo”.

“O jovem cristão de hoje não pode esquecer este chamamento à unidade da Igreja, e isso tem que se concretizar de alguma maneira. Para mim, uma das maneiras que me ajudam a concretizar este sonho de Cristo é vir aos encontro europeus de Taizé, onde posso estar com irmãos de muitíssimas confissões religiosas cristãs, estar com eles, partilhar com eles, sentir-me um pouco com eles”, conta Miguel Jerónimo.

O padre José Joaquim veio para a capital espanhola com mais 11 jovens das paróquias de Carregosa, Chave e Vila Cova de Perrinho, da Diocese do Porto.

Para o sacerdote, uma das grandes riquezas deste evento é permitir aos mais novos viverem “o que é Taizé”, pois muitas vezes o que experimentam nas suas comunidades é algo já “muito processado”.

Uma vivência marcada pela “multiculturalidade” e pelo contacto com outras sensibilidades sociais e religiosas, já que “este movimento consegue congregar muita gente”.

“Faz bem a partilha da fé para percebermos que não estamos sozinhos. Que apesar de vivermos uma Babel há algo que nos une. Não há um outro evento no mundo que consiga congregar no inverno, numa altura marcada por tantos convites, tantos jovens para algo tão sério”, destaca o padre José Joaquim.

O sacerdote considera este evento de Taizé um marco distintivo “numa sociedade que fala tanto na liberdade mas depois há temas que não aceita”, como o do “acolhimento” ou o da “solidariedade”.

Matérias que estão em cima da mesa no encontro de Madrid e que são transversais no mundo de hoje, onde estão bem presentes dramas como a crise de refugiados ou a discriminação religiosa.  

“Muitos dos que estão aqui hoje são os que não são aceites, que são olhados de lado, mas que decidiram acolher no seu coração esta experiência e aqueles de quem se aproximam. Porque há algo que acolheram muito mais cedo que é a fé que depois faz com que tudo se abra, e experienciam essa mesma realidade de Cristo, de acolher a todos”, sublinha o padre José Joaquim.

Juliana Gomes, de 31 anos, também veio da Diocese do Porto e está a participar pela segunda vez num Encontro Europeu de Taizé.

“Participei com um grupo de amigos e a primeira experiência foi tão boa que decidimos voltar este ano”, conta a jovem de 31 anos, que realça o contacto que tem tido com as famílias de acolhimento, que recebem os participantes nas suas casas.

“Gera-se um espírito de partilha, um espírito de comunhão muito grande. E esperamos também deixar um pouco de nós também aqui em Madrid, darmos às famílias este espírito de Taizé”, frisa Juliana Gomes, que se dedica à área da terapia da fala.

O 41.º Encontro Europeu de Taizé está a decorrer em Madrid até ao dia 1 de janeiro de 2019, subordinado ao tema ‘Não esquecer a hospitalidade’.

CB/JCP

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Agência ECCLESIA

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