Madre Teresa, santa à espera de milagre

Postulador da causa de canonização de passagem por Portugal para celebrar uma herança espiritual

Lisboa, 18 Mar (Ecclesia) – O responsável pela causa de canonização de Madre Teresa de Calcutá (1910-1997), padre Brian Kolodiejchuk, revelou hoje confiança num desfecho favorável deste processo, pendente do reconhecimento de um novo milagre, por parte do Vaticano.

“Não é fácil ter um prova do milagre no sentido restrito, mas estamos sempre a receber mensagens de pessoas que dizem que pediram a intercepção de Madre Teresa e foram ouvidas”, sublinha o sacerdote canadiano, de passagem por Lisboa, em declarações à Ecclesia.

Madre Teresa foi beatificada por João Paulo II a 19 de Outubro de 2003, após o Papa polaco ter dispensado o período de espera de 5 anos para a abertura da causa de canonização.

O reconhecimento como «santa» exige a confirmação de um milagre atribuído à sua intercessão, já depois de se ter dado a beatificação.

Num momento em que ainda decorrem as celebrações do centenário do nascimento de Madre Teresa, Brian Kolodiejchuk afirma que é fundamental manter a vida de da religiosa “na memória das pessoas”.

“Parte da grande atracção a Madre Teresa era o facto de ela ser tão universal e o seu trabalho ser tão concreto e visível, isso levou as pessoas a ela”, sublinha o sacerdote, que conviveu com a beata de Calcutá durante duas décadas.

Para Kolodiejchuk, ainda hoje muitos lembram a forma como a religiosa “comunicava pela sua santidade”, também como se fosse “algo físico”, uma energia que dela emanava.

Este responsável considera, por outro lado, que já se encontra superada a “confusão” a propósito da publicação, em 2007, do livro «Mother Teresa: Come Be My Light» (Madre Teresa: vem iluminar-me), apresentando o conjunto de cartas, redigidas por Madre Teresa nos anos 50, dirigidas a alguns conselheiros espirituais.

Nas missivas, a beata falava de uma “secura de alma”, a partir de determinada altura, e que levantou algumas dúvidas quanto à condição da sua fé.

Para o postulador da causa de canonização “as pessoas tinham noção de que ela era uma mulher católica e por isso havia uma motivação religiosa e especificamente, aos olhos da fé, havia a sua expressão do seu amor por Jesus”, “um sentido místico de ver Jesus em todas as pessoas”.

“Ela viveu em união com Jesus, viveu perto dele com uma paixão verdadeira, a fé pura e nua de que Jesus podia partilhar com ela o seu sofrimento intenso na cruz e, ao mesmo tempo, havia um lado também místico, ela identificava-se com aqueles que tinham uma pobreza interior”, acrescenta.

Brian Kolodiejchuk sublinha a simplicidade de Madre Teresa, alguém que todos podem “imitar”.

“Faça coisas pequenas, mesmo onde está, procure à sua volta, visite alguém, ajude-o a fazer compras, leia-lhe o jornal, basta até um sorriso”, refere.

Considerada uma das mulheres mais influentes do século XX, Agnes Gonxha Bojaxhiu nasceu na actual Skopje, capital da Macedónia (à época Üsküb, integrada no império Otomano), a 26 de Agosto de 1910.

Chegou a Calcutá no dia 6 de Janeiro de 1929, com 19 anos, assumiu o nome religioso de Teresa e em 1946, decidiu fundar a família dos Missionários da Caridade.

Em 1979, Madre Teresa recebeu o Prémio Nobel da Paz, como reconhecimento pelo seu trabalho.

A 5 de Setembro de 1997, morreu na casa geral da congregação que fundou, em Calcutá, aos 87 anos de idade.

A canonização é a confirmação, por parte da Igreja, que um fiel católico é digno de culto público universal e de ser dado aos fiéis como intercessor e modelo de santidade.

OC

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Agência ECCLESIA

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