Madeira: «Senhora do Monte é um sinal da presença de Deus no meio de nós e da sua proteção em favor das gentes madeirenses» – Bispo do Funchal

D. Nuno Brás presidiu à Eucaristia da Solenidade da Assunção da Virgem Maria, na Igreja do Monte

Foto: Jornal da Madeira/Duarte Gomes

Funchal, Madeira, 15 ago 2024 (Ecclesia) – O bispo do Funchal disse hoje que a padroeira da cidade, Nossa Senhora do Monte, é sinal da presença cristã no arquipélago, ao longo dos séculos.

“À vista de quantos aqui peregrinam, a imagem da Senhora do Monte pode parecer pequena, de traço popular, sem o esplendor artístico de outras imagens marianas. E, no entanto, ela tem sido e continua a ser hoje um sinal para as gentes da nossa Ilha: um sinal de que, também nós, fazemos parte ‘daqueles que, em Cristo, são restituídos à vida’”, afirmou D. Nuno Brás.

Sim: a Senhora do Monte é um sinal da presença de Deus no meio de nós e da sua proteção em favor das gentes madeirenses”.

Na homilia da Solenidade de Nossa Senhora do Monte, o bispo debruçou-se sobre a palavra “mulher” e “dragão”, que resumem a “história de toda humanidade e, ao mesmo tempo, são dois dos protagonistas do seu desfecho final”.

“Contrapondo-se à Mulher, encontramos o ‘grande dragão cor de fogo’. Neste monstro, como que está resumido tudo quanto se contrapõe a Deus, com os seus diferentes tentáculos, as suas diferentes cabeças, mais ou menos poderosas, com os seus modos de pensar e aparecer”, referiu.

Segundo o bispo diocesano a presença deste “mostro” é sentida não só na “intimidade e no modo como vivemos”, como também “na sociedade, nas realidades mais públicas”.

“Vemo-lo nas guerras e conflitos que povoam este nosso mundo; vemo-lo nas imagens de pobreza e de dificuldade que a televisão nos mostra; vemo-lo nas notícias de catástrofes; e vemo-lo em tantos outros momentos em que Deus e a fé são colocados a ridículo e combatidos”, ressaltou.

Para D. Nuno Brás, “são organizações, ideologias, guerras, agendas culturais que se vão insinuando no quotidiano – umas vezes aparecendo de modo claro, outras sob o disfarce de palavras aparentemente boas e humanas, mesmo cristãs”.

“À semelhança do fogo, todos estes poderes querem, não apenas incendiar e dominar tudo e todos, mas também destruir o que é humano e o que é divino: é a irracionalidade, o gozo do momento, o pequeno prazer, a opinião, mas, também, o orgulho, a arrogância, a distorção do humano e do divino, o domínio de povos e nações, elevados a sistema de pensamento e de vida”, reforçou.

Na Eucaristia da Assunção da Virgem Maria, D. Nuno Brás evocou “o protagonista de toda a história: O Filho da Mulher”, Jesus, o Cristo, o Messias, de quem depende “a Mulher e a sua vitória”: “A Mulher (a humanidade dos resgatados no Sangue do Cordeiro) é vencedora porque, na sua morte e ressurreição, Jesus venceu definitivamente as potências do mal e, pelo Batismo, nos dá hoje a participar da sua vitória”.

O sinal que Deus “quer dar a cada um e a todos” é, de acordo com o bispo, “um sinal de vitória: Cristo venceu e vencerá os poderes do mal. É dele a vitória definitiva”.

Nele podemos esperar, com a certeza de não sermos aniquilados, mas antes sairmos definitivamente vencedores. Prova disso é a presença da Mulher entre nós. Com efeito, a Senhora do Monte, que hoje celebramos, é a Mulher do Apocalipse — é a mesma que, em Caná, vimos interceder pelos discípulos da nova Aliança, e é a mesma que encontrámos junto à Cruz, a receber, como filho, o discípulo amado”.

Para além da presença de Deus, Nossa Senhora do Monte é, diz D.  Nuno Brás, “igualmente, um sinal que sempre” convida “à decisão” sobre de que lado cada um está disposto a lutar, mencionando que “não existe neutralidade, indiferença: diante de Deus, ninguém é neutro, indiferente”.

“Saltam, à vista desarmada, as transformações que realizámos na paisagem da Ilha: as casas; as vias de comunicação; a beleza que a mão humana acrescentou ao paraíso natural. Mas é necessário não desistir de nos deixarmos transformar – cada um de nós e toda a nossa sociedade – de modo que, neste combate quotidiano e final, nos encontremos cada vez mais ao lado da Mulher que temos como padroeira, e de seu Filho, o protagonista vitorioso, o Ressuscitado, Senhor da história e das nações”, concluiu.

LJ/OC

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