D. Carlos Azevedo sublinhou importância de promover nova «pedagogia social»
Funchal, Madeira, 19 set 2014 (Ecclesia) – D. Carlos Azevedo, delegado do Conselho Pontifício da Cultura (Santa Sé), disse hoje no Funchal que a Igreja e a sociedade devem estar atentas ao potencial do património religioso no campo turístico.
Falando aos jornalistas, à margem do congresso que assinala os 500 anos da Diocese do Funchal, o responsável sustentou que a Igreja deve “dar respostas” para que o “património riquíssimo que se foi construindo ao longo da história” seja aproveitado para estar ao serviço “do conhecimento e do usufruto”, com pessoas preparadas e “oferta de desdobráveis”, por exemplo.
O bispo português falou, por outro lado, na necessidade de promover “um novo estilo de vida” necessário na sociedade e para o trabalho “fundamental” de “pedagogia social” da Igreja.
“É com base num conhecimento sólido do que foi a memória que nós poderemos conhecer melhor a realidade do presente e ter essa capacidade de projetar um futuro que terá dificuldades talvez muito diversas daquelas que enfrentaram outros tempos”, comentou D. Carlos Azevedo.
O membro da Cúria Romana alerta que “não é possível” a sociedade continuar a viver como atualmente e diz ser “fundamental” que a Igreja tenha um trabalho de “pedagogia social” de preparar as pessoas para “uma vida diferente” devido à realidade ecológica e económica.
O entrevistado não percebe quando dizem que “afinal os economistas não previram a crise, a falta de crescimento, de emprego”.
Para o bispo, está mais do que visto que “não vai haver emprego” e é preciso “mudar o modo de distribuir o trabalho e o modo de estilo de vida”.
O delegado do Conselho Pontifício da Cultura destaca que todos têm “de fazer uma aprendizagem” para viverem “muito mais felizes, mais serenos, mais simples” e o Papa Francisco “é um bom exemplo”.
D. Carlos Azevedo apresentou no congresso do Funchal a conferência ‘Bispo, Governador e Cabido: O jogo do poder ou o jugo do serviço ao povo? O caso de D. Joaquim de Meneses e Ataíde (1811-1818)’.
“É uma figura interessante que está numa fase de transição do regime para o novo ideário liberal e sente o fogo cruzado. É um homem firme com uma posição no fundo evangélica devido às posições que toma e isso causa impacto nas diferentes fações”, explica o bispo que fez a sua pesquisa no Arquivos do Vaticano.
Sobre D. Joaquim de Meneses e Ataíde, que no fim da vida fugiu para Gibraltar, “ameaçado devido às alterações políticas”, o prelado acrescenta que este viveu “numa fase muito difícil”.
“Um conjunto de circunstâncias adversas que ele soube ultrapassar e reconstruir estruturas que se mantiveram na diocese”, destacou.
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