Duarte Pacheco admite persistência de «casos muito graves» de exclusão social

Funchal, Madeira, 14 mar 2025 (Ecclesia) – O presidente da Cáritas Diocesana do Funchal identifica as dificuldades na habitação e no acolhimento dos migrantes como desafios, no arquipélago, admitindo a persistência de “casos muito graves” de exclusão social.
“Fome não existe. Agora, existe um conjunto de casos bastante frágeis”, refere Duarte Pacheco, convidado da entrevista semanal conjunta Ecclesia/Renascença.
Para o responsável, apesar da “ligeira diminuição dos novos pedidos de apoio”, desde 2022, “existem casos muito graves, muito complicados”.
O entrevistado alude, em particular, a pessoas que “têm o seu vencimento, têm o seu emprego, mas o fruto desse trabalho não responde às necessidades do dia a dia, devido ao elevado custo de vida”.
O presidente da Cáritas Diocesana do Funchal recorda o impacto da chegada de muitas pessoas, da Venezuela, que vieram “sem nada”, por causa da crise social e política no país latino-americana, mas diz que se têm conseguido integrar no mercado de trabalho.
Também os migrantes de outros países “têm o seu rendimento”, mas os problemas podem surgir com a falta de habitação.
“As pessoas estão a ficar aí nalguns sítios, possivelmente, não estou a afirmar, estou a supor, possivelmente poderão até ser exploradas financeiramente em relação ao custo”, adverte.
É preciso termos muito cuidado em que condições habitacionais é que essas pessoas estão a viver, para isto não se tornar um problema grave.
Duarte Pacheco admite a dependência da economia madeirense do setor turístico, considerando que qualquer crise, como a que aconteceu na pandemia, pode ser “dramática”.
Num olhar sobre a realidade do arquipélago, o responsável sublinha que “há zonas que vão ficar desertas, porque a natalidade está a baixar” e admite que algumas políticas sociais foram afetadas pela instabilidade política.
“Se estamos a meio de uma legislatura, se há projetos que estão em vias de desenvolvimento, com estas alterações do Governo é natural que esses projetos vão regredir um pouco, vão demorar mais um tempo para se ter resposta”, observa.
A Cáritas celebra, entre os dias 16 e 23 de março, a sua Semana Nacional, com diversas iniciativas, entre elas o Peditório Nacional, que leva milhares de voluntários às ruas e que também vai ser realizado online.
Duarte Pacheco refere que, na Madeira, “os voluntários têm sido um pouco difíceis de angariar”.
“Gostaríamos que o voluntariado fosse mais espontâneo, mas não existe. Não é só com a Caritas, é com todas as áreas, as IPSS que têm a intervenção social”, afirma.
Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (ECCLESIA)