«Somos mais nós, porque é uma coisa que nos identifica», diz escritora Graça Alves
Funchal, Madeira, 15 dez 2017 (Ecclesia) – As comunidades católicas na Madeira começam entre hoje e amanhã a celebrar as tradicionais ‘Missas do Parto’, novena de preparação para o Natal que decorrem habitualmente ao fim da madrugada, perpetuando vivências espirituais e sociais.
“Somos mais nós, porque é uma coisa que nos identifica”, refere à Agência ECCLESIA a escritora madeirense Graça Alves, a respeito destas celebrações.
“As Missas do Parto fazem parte desta preparação, desta antecipação da Festa, como se preparássemos o nosso coração para esse dia grande” do Natal, acrescenta.
As Missas de “louvor a Nossa Senhora” somam à dimensão espiritual o convívio no adro da Igreja, para preparação da ‘Festa’, a forma como é habitualmente referida a celebração do Natal no arquipélago.
“Aqui, quando nós falamos da Festa, não falamos apenas na noite do dia 24 para o dia 25 de dezembro, a Festa aqui começa muito cedo: começa com as luzes, com a preparação das casas, com a feitura dos licores, das broas, do bolo de mel”, observa Graça Alves.
Após a Missa, o adro da igreja costuma acolher um momento de convívio com comes e bebes típicos da quadra natalícia, “momentos em que as comunidades se preparavam mesmo, se juntavam e socializavam”, assinala a escritora.
“Todo este juntar de esforços, penso, é a grande preparação do Natal”, prossegue.
As chamadas ‘Missas do Parto’ são uma tradição particular do Arquipélago da Madeira, um momento exclusivo para cantar versos populares, em honra da Virgem Maria e do Menino Jesus, alguns dos quais remontam aos primeiros povoadores do arquipélago.
No ‘Alfabeto de Advento’ que tem vindo a ser apresentado no Programa ECCLESIA na Antena 1 da rádio pública, Graça Alves fala a ainda da dimensão de “maternidade” na preparação do Natal.
Na Madeira, refere, “tudo tem de estar preparado na noite de 24”, altura em que a imagem do Menino Jesus é colocada no presépio.
Esvaziam-se armários, limpam-se copos, enfeitam-se as casas, uma preparação “simbólica” para viver “o momento em que o Menino Jesus nasce” na vida de cada de um.
“A Festa é vivida em detalhes: como é preparamos a nossa casa, o nosso coração para receber esse filho que é de Deus, de uma mulher? É aquele que nos vem trazer uma esperança e aí há uma abertura para outro aspeto da maternidade: esperança, o amor, outra visão sobre os outros, sobre o mundo, sobre a nossa vida”, declara Graça Alves.
A Diocese do Funchal publicou um guião com sugestões para as homilias das Missas do Parto de 2017, com o tema ‘Maria de Nazaré, modelo de jovem de oração’.
No final do guião, com a imagem de Nossa Senhora, apresenta-se o tradicional canto “Virgem do Parto, Ó Maria/Senhora da Conceição/Dai-nos as festas felizes/A paz e a salvação”.
OC