Falecido bispo emérito do Funchal doou conjunto de peças à diocese que podem ser visitadas desde janeiro de 2024
Funchal, Madeira, 25 ago 2025 (Ecclesia) – A memória de D. Teodoro de Faria, bispo emérito do Funchal que morreu no sábado, vai permanecer viva no Museu de Arte Sacra daquela diocese, através de uma coleção com cerca de 50 ícones.
Desde janeiro de 2024 que o Museu apresenta um núcleo expositivo com uma parte de um conjunto de cerca 100 ícones doados por D. Teodoro de Faria à Diocese do Funchal, que dizem respeito ao período entre os séculos XVIII e XX.
“São ícones russos, ícones gregos, ícones que nos têm permitido ao longo deste tempo” olhar para “a arte sacra oriental de uma outra maneira e trazer para o museu”, refere Graça Alves, diretora do Museu de Arte Sacra do Funchal (MASF), no programa Ecclesia, transmitido hoje na RTP2
A responsável destaca o museu como “um lugar de paz”, que, no momento de guerra que o mundo atravessa, tem reunido ucranianos e russos que ali rezam e participam em atividades que o MASF tem promovido ao longo de dois ambos de conflito.
As peças são “elementos da arte bizantina, que a Igreja Romana também usou, mas que foram substituídos pela arte moderna” enquanto no oriente esses elementos continuaram a ser produzidos, “como sendo uma arte divina e muito espiritual”, referiu D. Teodoro de Faria, em janeiro de 2024, aquando da inauguração da exposição.
A antecâmera do núcleo intitulado “Ícones – Tradição e Diversidade no Legado de D. Teodoro de Faria” contém “duas mesas que mostram o que é um ícone, como é que ele é constituído” e “que materiais são utilizados para o pintar”, explica Graça Alves.
“E pintar um ícone é rezar e temos feito algumas atividades”, dá conta a diretora do MASF, dando o exemplo de ações com crianças no âmbito de serviços educativos.
“Já este ano tivemos um curso de pintura de ícones com uma iconógrafa e foram realmente várias semanas em que as pessoas aprenderam a pintar um ícone, mas com todo o sentido espiritual que isso implica”, indicou, destacando também o momento em que o bispo diocesano benzeu as peças.
D. Teodoro de Faria faleceu este sábado, na Madeira, a um dia de completar 95 anos de vida, tendo sido bispo do Funchal entre os anos de 1982 e 2007, após ter estudado a Sagrada Escritura e ter trabalhado em Roma, como vice-reitor e depois como reitor do Pontifício Colégio Português.
O bispo emérito do Funchal vai ser sepultado no dia 26, terça-feira, no jazigo da diocese, no Cemitério de São Martinho; o corpo de D. Teodoro de Faria fica em câmara ardente na Catedral do Funchal a partir das 14h00 de segunda-feira e até às 21h00, e a partir das 08h00 de terça-feira, até às 11h00, hora em que D. Nuno Brás preside à Missa das Exéquias.
 Situado no centro da cidade do Funchal, o MASF está a celebrar 70 anos que, entre o dia 1 de junho de 2025 e o mesmo dia de 2026, são comemorados com parcerias com várias instituições da região de que a emissão filatélica especial, em parceria com os Correios de Portugal, é exemplar. “A ideia tem sido, ao longo destes 70 anos, cada vez mais, com aquilo que nós vamos aprendendo da museologia também, de comunicação, dar a conhecer aquilo que é nosso, que nos pertence, de uma forma que as pessoas possam perceber, por um lado, a importância e o valor da arte, da obra de arte, mas também […] a parte espiritual”, assinala Graça Alves. Entre as coleções de pintura, escultura, ourivesaria e paramentaria, destaca-se uma peça no Museu de Arte Sacra do Funchal, que integra o tesouro manuelino e que foi enviada para a Diocese do Funchal em 1520, tendo só chegado oito anos depois.  “Esta cruz processional é efetivamente a peça maior. Trata-se de uma cruz processional em prata dourada, maravilhosa, um exemplar maravilhoso de ourivesaria portuguesa, onde está representada toda a simbologia regia, todo o símbolo do D. Manuel, o escudo, a esfera armilar, mas também toda a construção desta história da salvação, porque esta cruz tem os dois lados”, descreve. Graça Alves destaca que esta é “uma das peças que atrai mais os turistas” que ali se deslocam. Para além da cruz, o museu alberga mais três peças do conjunto de 20 enviadas por D. Manuel: uma maça de porteiro, uma caldeirinha de água benta e um porta paz. “Tudo isto faz parte do tesouro que veio para a sé do Funchal, a igreja Grande, que era nesta altura a grande diocese do mundo”, salienta a responsável. O programa Ecclesia desta terça-feira, com emissão na RTP2 pelas 15h00, apresenta uma visita guiada ao Museu de Arte Sacra do Funchal, protagonizada por Graça Alves, que tomou posse como diretora do espaço a 21 de outubro de 2023.    |
PR/LJ