Madeira: «Junto da Senhora do Monte, o nosso coração bate como em casa, deixamos de nos sentir deslocados», afirma bispo do Funchal

D. Nuno Brás inspirou-se na canção «Deslocado», vencedora do Festival da Canção 2025, para a homilia na solenidade litúrgica da Assunção de Maria

Foto Duarte Gomes, Jornal da Madeira

Funchal, Madeira 15 ago 2025 (Ecclesia) – O bispo do Funchal, D. Nuno Brás, associou a imagem da Virgem Maria à ideia de casa, na Missa a que presidiu na Igreja do Monte, na Madeira.

“Nossa Senhora do Monte foi acompanhando, como penhor de proteção, os habitantes da nossa Ilha – aqui e nos seus muitos destinos, de emigração ou até nas campanhas militares. Sim, junto da Senhora do Monte, o nosso coração bate como em casa, deixamos de nos sentir deslocados”, afirmou D. Nuno Brás, na solenidade de Nossa Senhora da Assunção.

O bispo diocesano inspirou-se na canção “Deslocado”, da banda madeirense Napa, que venceu o Festival da Canção 2025 e representou Portugal na edição deste ano do Festival da Eurovisão, para realizar a homilia, que se desenvolveu em torno do sentimento que é estar em segurança.

D. Nuno Brás salientou que, “em Maria, o próprio Deus sente-se em casa”.

Neste mundo em que vivemos, teremos todas as razões para nos sentir deslocados. Nossa Senhora do Monte diz-nos hoje, tal como fez aos nossos antepassados, que, junto dela, nos sentiremos sempre em casa”, sublinhou.

A homilia do bispo do Funchal começou por fazer referência ao modo como na Ilha os madeirenses se sentem em casa, o lugar onde vivem, onde são quem são, “sem necessidade de parecer nada mais,” onde tudo é familiar, onde conhecem e são conhecidos e se encontram “em segurança”.

“Contudo, com o andar dos anos, o sentimento de “deslocado” – inicialmente, causado pelo monte de betão, pelo mar de gente, pelo sol diferente – acaba, também, por nos invadir onde quer que estejamos, mesmo na Ilha: nós, seres humanos, trazemos connosco uma sede de infinito, uma sede de Deus que nos torna sempre insatisfeitos, e que nos provoca um querer ir mais além”, assinalou.

D. Nuno Brás destacou que há em cada um “uma sede de infinito”, não raras vezes provocada pela arte e pela beleza que cercam, mas “muitas outras vezes (demasiadas), provocada também pela tristeza e sofrimento” que cada um vive ou partilha “com aqueles que vivem” ao lado.

“Apenas Deus é capaz de satisfazer esse nosso anseio de ‘casa’”, enfatizou.

“Contudo, neste santuário de Nossa Senhora do Monte sentimo-nos em casa”, desenvolveu o bispo, acrescentando que ao contrário do que sucede lá fora, ali, na “casa da Mãe”, “que tem acompanhado os madeirenses” é possível sentir que se está em casa.

Na casa da Senhora do Monte estamos, também nós, em nossa casa”, acentuou.

Foto Jornal da Madeira

D. Nuno Brás lembra que a invocação a Nossa Senhora do Monte nasceu “como resposta àquilo” que os “antepassados perceberam ser a iniciativa de Deus e de Sua Mãe, que se quiseram fazer encontrados pelos madeirenses, praticamente desde o início do povoamento — uma resposta do coração, que foi crescendo ao longo dos séculos e que permanece”.

O bispo diocesano recorda que “desde o início, Nossa Senhora é invocada pelos cristãos como o ‘Templo de Deus’, ‘Arca da Aliança’ – que é o mesmo é dizer: como ‘casa’”.

“Junto dela, sentimos que quase tocamos o Céu, ainda que permaneçamos peregrinos nesta terra”, mencionou.

A Igreja Católica assinala hoje a solenidade litúrgica da Assunção de Maria, um dogma solenemente definido pelo Papa Pio XII em 1 de novembro de 1950 e celebrado há vários séculos, numa data que é feriado em Portugal.

LJ

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