População quer construir novo templo no local da desaparecida Capela das Babosas
A imagem mariana da Capela das Babosas que foi encontrada no meio de “pedras, lama e “terra” surge como “uma luz e um motivo de esperança para o futuro” e manifesta que “Deus não nos abandonou nesta hora tão difícil”.
Em declarações à ECCLESIA, o responsável pela paróquia de Nossa Senhora do Monte, Pe. Giselo Andrade, reconhece que a descoberta da figura de Nossa Senhora, achada praticamente intacta, é considerada “um sinal grande da mão de Deus”.
Diante do paradoxo de um Deus reconhecido pelos cristãos como compassivo mas que, ao mesmo tempo, consente a ocorrência de grandes tragédias provocadas por fenómenos naturais, o sacerdote admite que “pode haver contradição” para quem “não têm uma fé firme”.
“Podemos questionar como é que Deus, que é misericórdia e amor, permite o sofrimento e a morte”, diz o Pe. Giselo Andrade. “Para encontrarmos um sentido, precisamos de olhar para a própria pessoa de Jesus, que manifesta o seu esplendor e glória ao mesmo tempo que assegurava que haveria de morrer”. “No meio de tanto sofrimento, a luz da fé consola, dá força e liberta”, assegura o pároco.
O futuro não é o único lugar onde Deus pode ser encontrado. O sacerdote assinala que essa presença tem-se revelado nestes dias através de gestos de partilha vindos inclusivamente dos “mais pobres”.
População quer construir novo templo no lugar da capela que desapareceu
“Alguém me dizia: ‘vai até lá acima’. Andei pelo meio de lama que ultrapassava a cintura. Para não voltar pelo lameiro, regressei através dos escombros e vi a cabeça de Nossa Senhora. Afastei telhas, folhas e ferros até encontrar a imagem.” É desta forma que Vítor Santos conta como descobriu a representação mariana no meio dos destroços da Capela das Babosas, destruída pela força das águas que desceram a encosta.
Cresce a convicção de que é preciso construir um novo templo no mesmo local. “Tudo o que estava aqui, a torrente levou por este vale abaixo, inclusive carros e casas”, refere o Pe. Giselo Andrade. A descoberta da imagem de Maria é interpretada como “uma vontade de ela continuar no local, como se dissesse: ‘Aqui fico para vos continuar a proteger e dar confiança’”.
Vítor Santos não tem dúvidas: “Para bem do povo madeirense, era bom que a capela se mantivesse”.