Madeira: Diretor regional de Educação destaca «marca de humanidade, de promoção da pessoa, e de exigência», das Irmãs Apresentação de Maria

Marco Gomes lamentou que, em muitos países, «largas franjas da população, sobretudo jovem, não têm acesso à educação»

Foto: Agência ECCLESIA/PR

Funchal, Madeira, 09 jul 2025 (Ecclesia) – O diretor regional de Educação da Madeira afirmou que uma educação para todos “continua a ser um problema” no século XXI, e destacou a “marca de humanidade e de promoção da pessoa humana, e uma marca de exigência” das Irmãs da Apresentação de Maria no arquipélago português.

“Essa marca da educação das Irmãs é de humanismo, de proximidade, de ajudar o mais fraco, mas, simultaneamente, de exigir a todos que o processo educativo é um processo de formação de pessoas íntegras e de cidadãos exemplares. Essa é a marca aqui na região”, disse Marco Gomes, em declarações à Agência ECCLESIA, no congresso que assinala os 100 anos das Irmãs da Apresentação de Maria em Portugal.

O diretor regional de Educação da Madeira destacou também a “marca de exigência” da congregação religiosa feminina, e salientou que, do ponto de vista educativo, a presença das Irmãs da Apresentação de Maria na região, tem sido, desde o início, de “criar oportunidades para as pessoas que na altura tinham mais posse”, mas, simultaneamente, proporcionar àqueles com “mais fragilidades a oportunidade de o fazerem”.

Marco Gomes, que apresentou o tema ‘Ensino público e privado na Madeira: Cooperação e inovação para uma sociedade melhor’, explicou que, hoje, uma educação para todos “continua a ser um problema”, e refere duas dimensões, a primeira é que “todos tenham acesso à educação e à escola”, porque, em muitos países, “largas franjas da população, sobretudo a população jovem, não têm acesso à educação”.

A segunda dimensão é que, quem tem acesso à educação, tenha “condições de ter acesso ao sucesso”, ou seja, de encontrarem na escola “respostas adequadas às suas especificidades, às suas potencialidades, também às suas fragilidades”, o que é, “se calhar, o desafio de todas as comunidades, onde todos já estão na escola”.

Foto: Agência ECCLESIA/PR

A secretária da Inclusão, Trabalho e Juventude do Governo Regional da Madeira, que partilhou também a sua experiência pessoal com as Irmãs da Apresentação de Maria, apresentou o tema ‘Educação, vulnerabilidades e proteção de menores’, e explicou que “é um desafio essencial e determinante” dar atenção a todas as pessoas no processo educativo.

“Não podemos silenciar situações que conhecemos de perigo. Porque a minha cabeça tem que se aproximar da cabeça e do coração daquela criança. E quando a criança ou o jovem está a dar algum sinal de se querer aproximar de mim, de me contar uma realidade, que eu até penso, ‘meu Deus, o que é isto?’, os educadores, os professores, “não podem silenciar, têm que estar atentos a estes sinais”, desenvolveu, em declarações à Agência ECCLESIA.

Paula Margarido explicou que todos têm que ser esses protagonistas – na escola, na família – da possibilidade de “voltar a existir amor no coração daquela criança”, mesmo “numa situação de perigo que a torna muito vulnerável”.

“Sobretudo na escola, porque, às vezes, é no seio da família que se encontra a maior agressão, muitas vezes são brigas, crises conjugais, que depois faz com que as pessoas se percam nas suas dores, e não olhem para aquele rosto de esperança que está a pedir ajuda. E também há aquele agressor que é abusador e que eu nunca imaginaria que o fosse”, acrescentou, após a intervenção na sessão ‘Liderar e renovar na Educação’.

Segundo a secretária regional da Inclusão, Trabalho e Juventude da Madeira, as crianças, muitas vezes, olham para a escola “como um sinal de esperança, de abraço do colo”, e “é muitas vezes o berço daquela criança que está em perigo”, por isso, contam com os professores e auxiliares para “denunciarem e falarem”.

Por ocasião dos 100 anos da chegada das Irmãs da Apresentação de Maria à Madeira, a congregação está a promover o congresso global ‘Educação, Solidariedade e Evangelização: Da Europa para a Madeira, da Madeira para o Mundo’, desde segunda-feira, até 11 de julho, no Hotel Pestana Casino Park, no Funchal.

PR/CB/OC

Paula Margarido, que no final da intervenção referiu também a sua experiência pessoal com a Congregação da Apresentação de Maria, contou à Agência ECCLESIA que uma das irmãs “foi essencial” para a sua história de fé”, e que “abriu as portas de uma Igreja Católica que até aí desconhecia”.

“Outra pessoa foi, como também partilhei, o cardeal Tolentino, porque era capelão da Universidade Católica quando eu estava a tirar a licenciatura em Direito, mas, depois, tudo continuou aqui, com a única irmã do Bom Pastor, que está no céu, mas a acompanhar também este percurso”, explicou.

Segundo Paula Margarido, as Irmãs da Apresentação de Maria “tinham e têm vida, tinham e têm mundo”, não se fechavam, “estavam abertas a todas as comunidades, a todas as histórias de vida de cada criança, de cada jovem”, e não olhavam para elas com “algum preconceito, em face a alguma história mais dura que pudessem ter para contar”.

A irmã do Bom Pastor, natural do Reino Unido, que foi a primeira superiora regional da congregação e, por exemplo, diretora do Externato da Apresentação de Maria, para a entrevistada, como outras consagradas, “foi essencial e determinante para a abertura da Apresentação de Maria aqui na Madeira”.

“Ajudaram também todas estas crianças e todos estes jovens a ver o mundo de uma outra forma. E as famílias também, porque não faziam só o trabalho com as crianças, depois também chamavam as famílias, umas mais difíceis do que outras, mas sempre aceitando a diferença, qualquer que ela fosse, independentemente do extrato social em que as mesmas estivessem inseridas”, concluiu a secretária regional da Inclusão, Trabalho e Juventude da Madeira.

 

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