Madeira celebrou a sua padroeira

Na igreja de Nossa Senhora do Monte (Funchal) foi celebrada na manhã de ontem a Festa litúrgica da padroeira da Madeira, sendo a Eucaristia presidida por D. Teodoro de Faria e concelebarda por diversos sacerdotes. Um elevado número de fiéis participou na cerimónia e na procissão em que também se integraram muitos devotos de Nossa Senhora em cumprimento de promessas feitas. Na homilia da festa de Nossa Senhora do Monte, D. Teodoro de Faria referiu que ««uma sociedade onde o número de ricos aumenta e os que mais têm cada vez mais engrossam com bens materiais, e não vive atormentada com o aumento dos pobres e carenciados, está longe do plano de Deus cantado por Maria, plano que revoluciona a ordem velha e inverte o centro de gravidade dos valores sociais». O tema da homilia foi a «Assunção de Nossa Senhora ao Céu, Maria atrai para seu Filho», tendo D. Teodoro de Faria acentuado que «a Igreja, nas suas tradições tanto a do Oriente como a do Ocidente, ou seja a bizantina e a latina, dão uma grande importância a esta solenidade da Assunção, pois ela mostra o motivo porque Deus criou e redimiu o homem — a santidade e a felicidade eterna». D. Teodoro de Faria referiu que ao visitar recentemente mosteiros do Oriente cristão — católico e ortodoxo, notou que «todas as catedrais são dedicadas à Dormição da Mãe de Deus, festa equivalente à que chamamos Assunção de Nossa Senhora. Todas as catedrais portuguesas, incluindo a do Funchal, como de grande parte das europeias são dedicadas à Senhora da Assunção». Sublinhou ainda que «o cristão ao olhar para Maria, a humilde serva do Senhor na glória celeste, é chamado a cumprir como ela a vontade de Deus, para um dia se unir a Cristo na Sua glória». Depois de fazer uma meditação sobre Nossa Senhora, o prelado funchalense acentuou que «precisamos da ajuda da mãe de Deus, da sua protecção maternal em toda a nossa vida, mas principalmente no caminho da fé, até ao último instante da nossa existência». Cântico de libertação «O cântico de Maria, embora com linguagem e ressonância do Antigo Testamento, pertence já ao Novo Testamento, e insere-se na fé pascal. S. Lucas coloca nos lábios de Maria, que se auto proclama a escrava do Senhor, um cântico de libertação que muda a antiga ordem sócio-religiosa. Os que não contam sob o ponto de vista humano, os pobres, os humildes, infelizes, passam agora com Cristo a serem protagonista da história de Deus que os prefere aos soberbos, aos poderosos e aos ricos deste mundo» disse D. Teodoro de Faria que acrescentou ainda que «o cântico de Maria mostra o grau da sua elevação espiritual e ao mesmo tempo é uma síntese da fé do povo de Deus». Falando para uma vasta assembleia que enchia por completo a igreja de Nossa Senhora do Monte e adro e para muitos milhares de madeirenses que nesta terra e no estrangeiro acompanhavam a cerimónia litúrgica através da RTP, o Bispo do Funchal sublinhou que «a libertação trazida por Jesus Cristo não é meramente futurista, não é apenas para o fim dos tempos, para o outro mundo. A salvação de Deus, cantada no Magnificat de Maria, supõe um programa actual de libertação presente de todas as escravidões provenientes das ideologias, dos sistemas sociais, políticos e económicos» D. Teodoro de Faria nesta homilia referiu que «Deus convida-nos a uma conversão que é oportunidade para libertar-se da soberba prepotente, do egoísmo explorador do próximo. Sem conversão do coração não há libertação possível, se a pessoa não muda por dentro, o mundo continuará injusto e iníquo, sem estruturas novas e muitas escravidões. Jesus Cristo proclamou no Sermão do Monte: Bem-aventurados os pobres em espírito, porque deles é o Reino dos Céus, e Maria profetizou no seu cântico: aos famintos encheu de bens e aos ricos despediu-os de mãos vazias». A terminar a sua homilia, D. Teodoro de Faria dirigiu uma mensagem aos diocesanos do Funchal, saudando «de uma forma especial os que se encontram longe, dispersos nas várias comunidades de tantos países e continentes e que hoje recordam com saudade a sua terra de origem e imploram confiantes a nossa Padroeira, a Senhora do Monte».

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Agência ECCLESIA

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