Professor universitário comentou também «congresso global» das Irmãs da Apresentação de Maria, há 100 anos no arquipélago

Lisboa, 01 jul 2025 (Ecclesia) – O historiador José Eduardo Franco, neste Dia da Madeira 2025, destaca a importância da “ilha global”, da Diocese do Funchal, “a maior diocese do mundo durante 25 anos”, e os 100 anos das Irmãs da Apresentação de Maria no arquipélago.
“Este ano é muito significativo para a história da Região Autónoma da Madeira, porque se assinala os 600 anos do início do povoamento do arquipélago, e mais do que a descoberta ou a redescoberta acontecida em 1420, porque a Madeira já era conhecida, importante foi a decisão da coroa portuguesa de iniciar a humanização daquele território, construindo-se ali uma sociedade nova, Igreja nova, e tornou a Madeira uma espécie de ponto estratégico no meio do oceano”, disse José Eduardo Franco, natural da Madeira, em entrevista à Agência ECCLESIA.
Comemora-se hoje, 1 de julho, o Dia da Madeira – Dia da Região Autónoma da Madeira e das Comunidades Madeirenses –, o historiador acrescentou que o arquipélago português pode ser considerado “uma espécie de ilha global” porque tornou-se um ponto de cruzamento de povos, culturas, iniciativas várias, comerciais, marítimas, que “tornou a Madeira uma rampa de lançamento da proto-globalização”.
“Também no âmbito religioso, de tal modo que se constitui uma diocese, à medida que a sociedade madeirense foi o estruturando, e graças também ao desenvolvimento da cultura do açúcar que trouxe uma riqueza especial, deu-lhe condições para criar ali uma diocese fundada em 1514: Foi a primeira diocese global, a maior diocese do mundo durante 25 anos”, assinalou o também professor universitário.
A Diocese Funchal tem mais de 510 anos, e José Eduardo Franco lembra ainda que ao bispo do Funchal foi dada a jurisdição sobre “todos os territórios descobertos e a descobrir”, o que significa que a Madeira era, “para a Igreja Universal, era um território estratégico para a expansão do Cristianismo a nível global”.
O historiador salientou que a Madeira foi um ponto de chegada e de partidas, não só de projetos missionários no contexto da Igreja Católica, mas também “foi importante como espaço de fixação de ordens e congregações religiosas”, os franciscanos foram os primeiros “grandes estruturadores da Igreja” na região, depois os Jesuítas com criaram um “grande colégio de referência no Funchal, que era quase uma universidade”, onde hoje está a sede da Universidade da Madeira, mas também as ordens religiosas femininas, como as Irmãs da Apresentação de Maria, que chegaram a Portugal há 100 anos, pelo “território madeirense”.
“Os projetos de missionação e de evangelização estão normalmente associados a projetos de educação e de solidariedade. Porque antes de cuidarmos do espírito, temos que cuidar do corpo.”


As Irmãs da Apresentação de Maria estão a comemorar 100 anos da sua chegada à Ilha da Madeira (1 de março de 1925), “associado ao cuidado do lactário madeirense e, depois, à edificação de um colégio que é uma referência”, e vão realizar o congresso internacional ‘Educação, Solidariedade e Evangelização. Da Europa para a Madeira, da Madeira para o Mundo’, de 7 a 11 de julho, no Pestana Casino Park, no Funchal.
“É um congresso com dimensão global, vamos ter participantes de vários países do mundo, de vários continentes, que vão trazer aquilo que é o olhar da Igreja, da educação, e da experiência da Congregação da Apresentação de Maria: os seus projetos educativos, pastorais, de espiritualidade, de assistência; as metodologias inovadoras que estão a desenvolver, do ponto de vista educativo e da intervenção pastoral e assistencial”, explica José Eduardo Franco, acrescentando que vão também levar “os grandes desafios que na atualidade se apresentam à Igreja e à congregação em diferentes pontos do mundo”, e também à sociedade.
Segundo o professor universitário (Universidade Aberta), no congresso internacional das Irmãs da Apresentação de Maria vão ter especialistas de vários quadrantes, “de historiadores, a grandes pedagogos, cientistas e especialistas também na área política e social”, e está “reconhecido como ação de formação”, “para professores para todas as áreas”, de agentes pastorais e agentes culturais.
As Irmãs da Apresentação de Maria estão em 20 países do mundo, esta congregação religiosa feminina, nasceu num contexto de resistência e persistência de modelos de vida consagrada ao serviço da Igreja Católica e da sociedade civil no plano da educação, da solidariedade e da pastoral, foi fundada pela beata Ana Maria Rivier, a 21 de novembro de 1796, na França.
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