Padre Francisco da Conceição Caldeira recebe «insígnia autonómica de bons serviços»
Câmara de Lobos, Madeira, 01 jul 2011 (Ecclesia) – O apoio social prestado a cerca de três mil pessoas na região de Câmara de Lobos valeu hoje ao padre Francisco da Conceição Caldeira a ‘insígnia autonómica de bons serviços’, concedida pelo Governo Regional da Madeira.
“Vou ser o mesmo antes e depois desta graciosidade”, afirmou à Agência ECCLESIA o responsável pela paróquia de Santa Cecília, diocese do Funchal, que diz receber a condecoração com “simplicidade” e “responsabilidade”.
O sacerdote de 48 anos afirma que o trabalho realizado pelo centro social e outras instituições similares da paróquia, como as Conferências de São Vicente de Paulo, abrange “direta ou indiretamente três mil pessoas”, inscrevendo-se na “atividade mais vasta da pastoral da Igreja”: “Partimos do Evangelho e estamos ao seu serviço”.
O Centro Social e Paroquial tem creche e jardim de infância, um projeto de luta contra a pobreza, ateliê de tempos livres, centro de dia e convívio para a 3.ª idade, além de acolher crianças entre os 6 e 12 anos que apresentam situações de delinquência ou pré-delinquência.
O padre Francisco Caldeira lamenta o “estigma de pobreza que atravessa as gerações” de Câmara de Lobos, o segundo concelho mais populoso da Madeira, que de acordo com dados preliminares dos Censos de 2011 conta com aproximadamente 36 mil habitantes.
A esta realidade “multissecular” junta-se, desde “há dois anos”, a “novidade” das famílias “que de um momento para o outro ficaram com dificuldades graves” provocadas pelo desemprego e não sabem como pagar as contas.
Para responder a um “meio social, económico e cultural bastante debilitado”, a paróquia situada na costa sul da ilha procura satisfazer “necessidades básicas, como a alimentação”, ao mesmo tempo que “atalha as causas da pobreza”, recorrendo a parcerias com entidades civis, por exemplo para a inserção profissional.
“A intervenção da comunidade católica centra-se igualmente em casos de toxicodependência”, nem sempre com os resultados desejados: “Temos tido alguns sucessos e muitos fracassos, mas não desistimos”, frisa o padre Francisco Caldeira.
O sacerdote considera que “houve um salto quantitativo e qualitativo na região durante as últimas três décadas”, o que implicou uma “melhoria das condições de vida”, embora a população esteja agora a sentir as consequências da crise.
“Depois de uma explosão no desenvolvimento, talvez somente económico, as pessoas deparam-se com uma grande retração, que afeta famílias das classes médias e desfavorecidas”, assinala o sacerdote que há 18 anos dirige a comunidade de Santa Cecília.
O especialista em Direito Canónico e membro do Tribunal Eclesiástico do Funchal espera que o novo Governo esteja “ao serviço das populações mais fragilizadas e atento aos problemas de pobreza”.
O pároco lembra também o compromisso assumido pelo Executivo de estabelecer parcerias com as Misericórdias, Instituições Particulares de Solidariedade Social e “organismos que trabalham no terreno”.
A ‘insígnia autonómica de bons serviços’, que o sacerdote recebeu hoje, 1 de julho, dia da Região Autónoma da Madeira, distingue “atos ou serviços meritórios praticados por cidadãos portugueses ou estrangeiros no exercício de quaisquer funções públicas ou privadas”, refere uma nota do Governo Regional.
Na entrega da distinção, o presidente do Governo Regional, Alberto João Jardim, disse que as oito personalidades premiadas são “exemplo para os demais cidadãos”.
RM/OC
Notícia atualizada às 15h36