Francisco elogia exemplo do Grão-Ducado na integração de imigrantes
Luxemburgo, 25 set 2024 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje no Luxemburgo para os conflitos causados por “nacionalismos exasperados” e “ideologias perniciosas”, evocando as lições da II Guerra Mundial (1939-1945).
“O Luxemburgo pode mostrar a todos as vantagens da paz face aos horrores da guerra, da integração e da promoção dos migrantes face à sua segregação; os benefícios da cooperação entre as nações face às consequências nefastas do endurecimento das posições e da procura egoísta e míope, ou mesmo violenta, dos próprios interesses”, referiu, no primeiro discurso da sua viagem de sete horas ao país.
Num encontro com autoridades políticas e representantes da sociedade civil, no Cercle Cité, Francisco mostrou “grande alegria” pela sua visita ao Grão-Ducado de Luxemburgo, a primeira de um pontífice desde 1985.
A intervenção falou do lugar do país nos “mais importantes eventos históricos da Europa”, recordando as invasões do século XX e o papel de fundador da atual União Europeia.
“Aprendendo com a sua história, desde o final da II Guerra Mundial, o vosso país distinguiu-se pelo compromisso de construir uma Europa unida e solidária, na qual cada País, grande ou pequeno, desempenhasse o seu próprio papel”, indicou.
Francisco criticou quem quer seguir os “trágicos caminhos da guerra”, lançando países para “aventuras com custos humanos imensos” e “massacres inúteis”.
Infelizmente, há que registar o ressurgimento, mesmo no continente europeu, de ruturas e inimizades que, em vez de serem resolvidas na base da boa vontade mútua, das negociações e do trabalho diplomático, resultam em hostilidades abertas, com as suas consequências de destruição e morte”.
O Papa foi recebido no exterior do ‘Cercle Cité’ pelo primeiro-ministro do Luxemburgo, Luc Frieden, e pela presidente da Câmara da cidade, Lydie Polfer; o grão-duque e a grã-duquesa acolheram o pontífice na entrada principal do edifício.
Após o discurso introdutório de Luc Frieden, Francisco destacou que o Luxemburgo é sede de “numerosas instituições europeias”, nomeadamente o Tribunal de Justiça da União, o Tribunal de Contas e o Banco de Investimento.
“A sólida estrutura democrática do vosso país, que preza a dignidade da pessoa humana e a defesa das suas liberdades fundamentais, é a condição indispensável para um papel tão significativo no contexto continental”, observou.
O Papa aludiu a dois temas que têm marcado o seu pontificado, “o cuidado da criação e a fraternidade”, pedindo ajuda para “as nações mais desfavorecidas”.
“Que o Luxemburgo, com a sua peculiar história, com a sua localização geográfica igualmente peculiar, e com pouco menos da metade dos seus habitantes originários de outras partes da Europa e do mundo, seja uma ajuda e um exemplo para mostrar o caminho a seguir em matéria de acolhimento e integração de migrantes e refugiados”, acrescentou.
O Evangelho de Jesus Cristo é o único que pode transformar profundamente a alma humana, tornando-a capaz de fazer o bem mesmo nas situações mais difíceis, de extinguir os ódios e de reconciliar as partes em conflito”.
À margem do seu discurso oficial, Francisco aludiu à crise de natalidade do país.
“Aos italianos costumo dizer, tenham mais crianças e menos cãezinhos. Mas a vocês digo apenas: tenham mais bebés”, referiu.
Antes de deixar o edifício, o Papa cumprimentou algumas autoridades e assinou o livro de honra.
A agenda desta quinta-feira encerra-se na Catedral de Notre Dame, às 16h30 (menos uma em Lisboa), para um encontro com a comunidade católica, antes da despedida e da partida para Bruxelas.
Francisco é o segundo Papa a visitar o Luxemburgo e a Bélgica: São João Paulo II visitou a Holanda, Bélgica e Luxemburgo em maio de 1985, numa segunda visita, a Bélgica, em junho de 1995.
OC