Luto: Experiências de dor juntam padres, religiosos e profissionais de saúde

Simpósio dedicado a uma realidade «mal compreendida» decorre em Coimbra

Coimbra, 17 Mar (Ecclesia) – Os Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) acolhem desde hoje um «Simpósio sobre o Luto», juntando padres, religiosos e profissionais de saúde católicos para abordar uma realidade “mal compreendida”.

De acordo com o padre Paulo Simões, que integra a equipa do Serviço de Assistência Espiritual e Religiosa dos HUC, existem “socialmente duas atitudes, em relação ao luto”.

“Há aqueles que o acolhem e valorizam e há situações em que, simplesmente, se esconde o luto, não se quer falar dele, porque é uma realidade da nossa existência mal compreendida, que pode aparecer como grande ameaça à sociedade” realça o capelão, em declarações à agência ECCLESIA.

O «Simpósio sobre o Luto», organizado pela capelania dos HUC, em colaboração com as Associações de Médicos Católicos e de Enfermeiros de Coimbra, a Comissão Diocesana da Pastoral da Saúde e a Associação de Humanização em Saúde de Coimbra, entre outros, surge na sequência de um evento deste género, relacionado com a temática da morte.

“Tal como agora, em Março do ano passado tivemos também 800 pessoas inscritas, e quisemos dar continuidade a um simpósio que teve tanto interesse, por parte de profissionais e não profissionais de saúde, de todo o país”, acrescenta o padre Paulo Simões, que há cerca de três anos presta assistência aos doentes, famílias e profissionais que passam pelos HUC.

O sacerdote diz “não haver apenas um mas diferentes lutos, consoante a situação ou a perda”, experiências que se manifestam muito antes da morte do doente.

“O luto corresponde também a um conjunto de perdas progressivas, como a doença, o deixar o ambiente familiar, a perda do trabalho, de faculdades psico-motoras”, realça.

Momentos de aceitação ou negação, de revolta ou, pelo contrário, “uma clara e impressionante aceitação”, são algumas das reacções com as quais o capelão convive diariamente.

“Mesmo em pessoas que não têm claramente uma fé professada, muitas vezes encontramos na proximidade da morte, ou na família após a morte, uma serena confiança e uma fé” revela ainda o mesmo responsável, para quem é possível viver o luto com esperança, respeitando a dor de cada um.

“Apesar do ente querido já não estar fisicamente, algo que causa dor e sofrimento, ele não desaparece, está longe dos olhos mas dentro do coração e isso dá conforto e é objecto de esperança”, conclui.

Até sexta-feira, os participantes no simpósio vão poder abordar temas relacionados com “a terapia do luto”, o “luto inesperado” ou o “Luto: entre o mistério e o absurdo”.

Os presentes podem também partilhar os seus problemas pessoais com uma equipa de cinco psicólogos, dois padres e um pastor evangélico, que asseguram um atendimento permanente durante esta iniciativa.

Este fórum dedicado ao Luto não será constituído apenas por palavras ou vivências – em paralelo está disponível uma exposição fotográfica alusiva ao tema, organizada pelos estudantes de Saúde de Coimbra.

A iniciativa está ainda presente na rede social Facebook, em www.facebook.com/fbsimposioluto

JCP/OC

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Agência ECCLESIA

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