Padre Cristino Coelho partilha experiência pastoral
Lisboa, 31 out 2014 (Ecclesia) – Este domingo assinala-se o Dia de Fiéis Defuntos e, no âmbito desta tradição litúrgica, a Agência ECCLESIA falou com o padre José Cristino Coelho sobre a forma como a Igreja Católica ajuda as pessoas a lidarem com a morte e o luto.
“Escutar, acompanhar, confortar e dar esperança”, são atitudes-chave no trabalho dos agentes pastorais que diariamente acompanham quem está “doente” ou “moribundo” e aqueles que “estão a seu lado”, os familiares, frisa o antigo capelão hospitalar.
Depois há que ter em conta as “várias perspetivas” com que as pessoas se debatem, pois as circunstâncias da morte não são todas iguais e nem todos reagem ao luto da mesma maneira.
“O luto é sempre difícil, é perda, uma rutura” mas “cada caso é um caso, se a pessoa é nova ou idosa, se foi de acidente ou de morte natural, se há uma doença incurável em que a limitação de vida está mais ou menos prevista”.
“Neste caso é um luto antecipado”, em situações de “morte súbita, de acidente, é mais complicado”, exemplifica o sacerdote.
Atualmente a assistência religiosa católica está presente nos vários hospitais públicos do país, num esforço pastoral que envolve também “equipas” de “leigos formados, com sensibilidade para estarem com as pessoas” mais debilitadas ou em fase terminal.
“Se a pessoa é crente é mais fácil, se não acredita é nosso dever acompanhar até ao fim, numa linha de humanidade, de acolhimento, de empatia em todos os momentos da vida, e a pessoa dá-se conta disto mesmo que já não possa comunicar”, realça o padre José Cristino Coelho.
À Igreja coloca depois à disposição também “serviços litúrgicos”, desde a administração da “extrema-unção” à celebração das exéquias ou da missa de sétimo dia.
“É muito importante nessa altura a maneira como falamos, como comunicamos, a tal cumplicidade com os familiares porque são momentos marcantes para eles” e o “luto tem várias fases e reações”, mesmo face à fé, tanto pode significar afastamento como um “regresso” ou reforço.
O antigo capelão recorda o “caso de uma senhora” que “veio ao hospital para reviver os últimos momentos do seu marido”.
“Mas no sentido cristão, queria falar com as enfermeiras, com os médicos que o assistiram e também comigo que assisti à morte”, relata o missionário.
Outra história que ficou gravada na sua memória foi a da família de “um menino de nove anos, que tinha sido transplantado à medula” devido a “uma leucemia” e que acabou por falecer.
“Para minha surpresa, os pais estavam muito mais calmos e serenos do que eu imaginava. Aliás, o funeral foi animado por um grupo de jovens que tocavam viola, o que é uma coisa também pouco vulgar, eu próprio fiquei surpreendido com esta atitude, mas nem sempre é assim, neste caso concreto foi uma experiência muito positiva”.
É esta “alegria e esperança” que a Igreja Católica deve conseguir também transmitir às pessoas que vivem estes momentos mais difíceis, conclui.
O Dia de Fiéis Defuntos vai ser tema em destaque no programa 70×7 do próximo domingo, a partir das 11h18 na RTP2.
SN/JCP