Luto e revolta por morte de jovem cristão paquistanês

Vários movimentos de defesa dos direitos humanos juntam-se à comunidade de Robert Fanish, exigindo a verdade sobre a sua morte. O jovem cristão foi detido há dias, acusado de blasfémia por ter profanado um exemplar do Alcorão.

A acusação levou uma multidão de muçulmanos a incendiar uma igreja local e atacar casas de cristãos. No rescaldo a polícia deteve Fanish para interrogação. Na terça-feira, apareceu morto na prisão. A polícia alega suicídio, mas os familiares e algumas figuras, incluindo o Ministro para as minorias do Governo Regional do Punjab, Kamran Michael, garantem que o cadáver tem marcas de tortura.

A directora da Comissão dos Direitos Humanos do Paquistão, Asma Jahangir, aponta o dedo à polícia e aos políticos e fala de um padrão de conivência, que impede os agressores de serem levados à justiça.

Ontem, durante as cerimónias fúnebres para Fanish a polícia disparou gás lacrimogéneo contra a multidão enlutada, provocando confrontos. Registaram-se alguns feridos e houve mais detenções de cristãos.

Líderes religiosos, incluindo o Arcebispo de Lahore, Lawrence Saldanha, também expressaram a sua revolta e pedem uma investigação credível para apurar os responsáveis.

Grande parte do problema, garantem, está na própria lei da blasfémia. Esta é habitualmente abusada e usada para perseguir minorias religiosas, incluindo os cristãos, mas não só. No caso de Fanish, garante o padre da sua aldeia, a acusação é mais uma vez falsa. A verdadeira razão da revolta dos muçulmanos derivava de um suposto romance entre o cristão e uma jovem muçulmana.

“Para as minorias religiosas estas leis têm-se revelado uma catástrofe, que pode emergir em qualquer lado, a qualquer altura”, afirma o Arcebispo.

Os cristãos representam apenas cerca de 2% da população deste país, oficialmente muçulmano, e estão, por exemplo, impedidos de ocupar o posto de presidente.

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Agência ECCLESIA

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