LUSOFONIAS – Viajar rasga horizontes

Tony Neves

As histórias mais belas da literatura mundial tocam em viagens. Os filmes que mais fascinam também falam de personagens que percorrem o mundo à procura da felicidade. De livros e filmes em que o viajar é protagonista eu podia apresentar uma enorme lista.

Também na vida das pessoas, o rasgo de horizontes se une à beleza das viagens que se fazem ou se sonham fazer. Não é possível perceber e beneficiar da riqueza da diversidade de povos e culturas quando se fica sempre parado no mesmo lugar.

Ser missionário é aceitar, à partida, correr este ‘risco’ de ter horizontes de vida mais alargados. Sinto-me, a esse nível, um privilegiado. Após estudos em Portugal, fui enviado a Paris. Naquele 1988-89, tive a alegria de viver o tricentenário da revolução francesa que se abriu os olhos para os tempos modernos e desafiantes que a Europa e o mundo vivem.

Depois, a minha primeira Missão, como Padre, aconteceu em Angola. Este país lusófono, grande e belo, vivia uma cruel guerra que matou o povo até 2002. Não deu para viajar muito, pois as estradas tinham minas e as emboscadas desencorajavam a circulação. Mas, mesmo com estes limites que a guerra impôs, tive a oportunidade de viver com um povo simples, corajoso, crente e com uma cultura muito própria que muito me enriqueceu. Sim, partilhar o dia a dia de um povo que tem uma cultura diferente da nossa torna-se uma riqueza enorme.

Regressei a Portugal em 1994 e, daí para cá, muitas missões aconteceram, ao perto e ao longe. Tive a felicidade de coordenar os Projetos ‘Ponte’, missões de um mês que os Jovens Sem Fronteiras realizam em Agosto num espaço lusófono, seja africano seja latino-americano. Assim, estive na Guiné-Bissau, em Moçambique, em Cabo Verde, em S. Tomé e Príncipe, em Angola e no Brasil. Ali fomos partilhando o dia a dia de gente simples e boa, nestes quatro cantos do mundo onde a língua oficial é o português. Cresci muito com esta abertura ao mundo como um espaço sem fronteiras.

Outros trabalhos missionários me levaram a outras partes do mundo. Mas, como lição de vida guardo a convicção de que quanto mais diferentes somos, mais ricos tornamos a humanidade. Tudo o que aponte para o único: partido único, pensamento único… asfixia a criatividade e mata a diferença que tem potencial para enriquecer.

Aceitemos os valores dos outros como alavanca para o crescimento de todos. Quanto mais plural for o mundo, mais condições temos para construir vidas felizes.

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Agência ECCLESIA

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