LUSOFONIAS – Um longo caminho até Lisboa

Tony Neves, em Roma

Aura Miguel, da RR, é, a nível mundial, a jornalista com mais Jornadas Mundiais da Juventude no seu curriculum. Esta ‘vaticanista’ só não participou na edição de Buenos Aires, em 1987.

Por isso, o livro ‘Um longo caminho até Lisboa’, acabado de lançar, é precioso, pela visão de conjunto e por este acumular de saber de experiência feito.

A opção da estrutura do livro é original e apelativa: cada JMJ é tratada à parte, com uma cronologia de acontecimentos, uma reportagem alargada e o ‘best of’ das intervenções do Papa. Aura Miguel foi enviada especial a 13 JMJ, presididas por três Papas, tendo a oportunidade de privar com cada um deles: João Paulo II (7), Bento XVI (3) e Francisco (3).

A 1º JMJ em que participou foi na edição de Santiago de Compostela, em 1989, às portas da queda do Muro de Berlim. Na Vigília, o Papa, ‘interrompido por aplausos, apelou à coragem das perguntas grandiosas sobre as inquietações da vida, as exigências profundas de verdade e a vocação’.

Seguiu-se Czestochowa, na Polónia, em 1991. Tinha desmoronado a União Soviética e o Papa, que tanto lutou pela liberdade do seu povo, jogava em casa. João Paulo II mostrou a alegria de ver uma Europa a plenos pulmões (o Ocidental e o de Leste): ‘após um longo período com fronteiras praticamente intransponíveis, a Igreja na Europa pode agora respirar livremente com ambos os seu pulmões’.

Os EUA acolheriam, em Denver, as JMJ 1993. Foi a primeira vez que o Papa visitou este país americano. Ali pediu aos jovens empenho pela verdade, sem ambiguidades nem vergonha do Evangelho. Diria: ‘desistir de fazer estas perguntas (Porque estou aqui? Porque existo? Que devo fazer?) significa renunciar à grande aventura de procurar a verdade da vida’.

Manila foi a primeira cidade asiática a acolher as JMJ, em 1995, com quatro milhões e meio de participantes. O Papa disse-lhes: ‘Convido-vos a abrir o Evangelho e a descobrir que Jesus Cristo quer ser vosso amigo’.

Paris abriu as portas às JMJ 1997, sendo o primeiro encontro dos jovens com o Papa realizado junto à Torre Eiffel. Depois, na Notre Dame, houve a beatificação de Ozanam, fundador das Conferências Vicentinas. Mais de 300 mil jovens formaram uma cadeia humana de 36 kms, como sinal da abertura à diversidade, ao diálogo, à paz e à amizade entre povos. A Missa final foi a maior de sempre celebrada em Paris, com mais de um milhão de jovens.

No Jubileu do ano 2000, as JMJ realizaram-se em Roma, uma cidade invadida por turistas e peregrinos. O Papa repetiu aos jovens: ‘Não tenhais medo! Abri, ou melhor, escancarai as portas a Cristo!’.

Toronto foi a cidade que se seguiu e acolheu as JMJ 2002, com João Paulo II muito fragilizado. Gritou: ‘Cristo precisa da vossa juventude e do vosso generoso entusiasmo para fazer ressoar o anúncio de alegria no novo milénio’.

O Papa João Paulo II morreu a 2 de abril de 2005 e Bento XVI é eleito a 19. Será ele a presidir às JMJ no seu país natal, na cidade de Colónia, nas margens do Reno. Fez um pedido: ‘é mais belo ser úteis e estar à disposição do próximo do que preocupar-se unicamente com as comodidades que nos são oferecidas’.

A Austrália recebeu as JMJ 2008, em Sydney. Bento XVI elogiou a diversidade cultural e humana do país e considerou urgente dar respostas contra a pobreza e a injustiça, contra os ataques à vida e ao meio ambiente.

As JMJ 2011 realizaram-se em Madrid e foram as últimas presididas pelo papa Bento. Convidou os jovens a serem remadores contra a corrente e marcou encontro com eles no Rio de Janeiro em 2013. Mas resignaria a 11 de fevereiro de 2013, sendo Francisco eleito Papa a 13 de maio.

Foi Francisco quem rumou ao Rio, na sua primeira viagem apostólica como Papa. Disse: ‘Vim para encontrar os jovens que vieram de todo o mundo, atraídos pelos braços abertos de Cristo Redentor’. Francisco foi a Aparecida, visitou uma favela e celebrou a Missa em Copacabana, convidando os jovens a jogar na equipa de Cristo.

As JMJ regressaram à pátria do seu inspirador: Cracóvia acolheu a edição de 2016, como homenagem clara a João Paulo II. Visitou Auschwitz em silêncio. Foi ao maior hospital pediátrico do sul do país. Lembrou, nas Missas, que os jovens não nasceram para vegetar, para ficar sentados no sofá, mas para ir a jogo, todos titulares, pois não há banco de suplentes.

Finalmente, o Panamá 2019. Além das mensagens fortes deixadas pelo Papa aos jovens, estas JMJ foram marcadas pela divulgação do lugar das JMJ 2022: Lisboa!

O Papa Francisco assina o Prefácio deste livro de Aura Miguel. Diz que as JMJ ‘foram um antídoto contra o balconear, contra a anestesia que leva a preferir o sofá, contra o desinteresse. Envolveram, movimentaram, implicaram, desafiaram gerações de mulheres e homens’.

Todos os caminhos dos jovens vão dar a Lisboa. O meu também…

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Agência ECCLESIA

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