LUSOFONIAS – Paris, cidade-berço, cidade-fonte!

Tony Neves, em Chevilly-Larue, Paris

Paris é, para muitos, a cidade-luz. Para a grande Família Espiritana é a cidade-berço, pois foi ali que tudo começou, que a Congregação nasceu e deu os primeiros passos. É por isso, um local de inspiração, lá onde se sente a força das raízes e o sopro do Espírito fundacional. Por isso, o Conselho Geral Alargado dos Espiritanos aqui acontece nestes meses de junho e julho.

Um jovem bretão, de nome Cláudio Francisco, lançaria em 1703 a Congregação do Espírito Santo, com o objetivo de permitir a jovens pobres o acesso ao sacerdócio. Um século e meio mais tarde, Francisco Libermann lançaria a Obra dos Negros, com o objetivo de libertar escravos africanos e assegurar a sua evangelização. Oficialmente, fundou a Sociedade do Sagrado Coração de Maria, em 1842 que fundiria com a obra de Cláudio em 1848, abrindo caminho ao que hoje é a Congregação do Espírito Santo.

Em 2021, os Espiritanos realizaram o seu Capítulo Geral na Tanzânia e, 4 anos depois, há que avaliar o caminho já feito, no que diz respeito à aplicação dos documentos ali votados. Na hora de decidir qual o local para este evento inter-capitular, a escolha recaiu sobre Paris, berço e fonte, até porque toda a Família Espiritana vive um intenso ano de aprofundamento do seu carisma e Espiritualidade.

O programa, preparado por todos (falo de 2711 Professos e centenas de leigos), à escala do planeta (62 países nos cinco continentes!), percorre mais de 20 temas maiores que aqui estão a ser partilhados e debatidos. Se fosse Capítulo, haveria documentos a votar e lideranças a eleger. Mas não. Um Conselho Geral Alargado é apenas espaço de partilha, reflexão e avaliação. Também é um momento especial de celebração da fé e da Missão que faz correr toda esta gente, no mundo inteiro. Por isso, além dos momentos diários de oração, este Conselho tem visitas programadas à Casa Mãe dos Espiritanos, à Notre Dame e a diversos outros espaços parisienses (e não só!) que merecem visita, pois há que peregrinar nos passos dos fundadores e criar condições para ir ao encontro de uma história missionária tão longa como cheia de frutos e desafios.

Depois de um dia de recolhimento em retiro, os participantes entregaram-se de alma e coração aos trabalhos. A primeira grande tarefa foi a de partilhar e refletir sobre as avaliações enviadas pelos Espiritanos do mundo inteiro sobre o cumprimento das decisões do último Capítulo Geral. Deu pano para mangas este ponto da agenda! Seguiu-se a apresentação de um plano de animação espiritual, apoiado por uma planificação estratégica missionária.

As grandes linhas da Missão hoje estão a ocupar estes dias de CGA. Temas grandes como ‘a justiça, a paz e a ecologia integral’, acompanhados pelo desenvolvimento, obrigam a reflexões profundas, esperando que dali saiam ideias concretas para o futuro. Os participantes estão a ser confrontados com duas questões difíceis: ‘que missões já não correspondem ao carisma e devem, ser abandonadas ou confiadas a outros? Que novas iniciativas devem ser lançadas, para se cumprir o que pediu o Capítulo Geral seguindo o profeta Isaías: ‘Vejam, vou fazer algo novo!’?…

Tema que quase afoga as Congregações e as Dioceses é o da formação dos futuros Padres, Irmãs e Irmãos. No caso Espiritano, tem sido um autêntico quebra-cabeças, por exigem um projeto formativo consistente, formadores competentes, ambiente comunitário e académico de excelência e meios materiais significativos. É longo o caminho que se percorre, desde o despertar vocacional até à morte, porque à formação inicial (até à Profissão Religiosa ou Ordenação) se juntam as formações contínua e especializada.

Muitos outros assuntos estão a ser partilhados, aprofundados, refletidos, avaliados, rezados… Sobre o que ainda vai acontecer neste CGA, conversarei nas próximas crónicas. Até lá, peço oração e comunhão.

Está bom tempo, Paris é uma cidade maravilhosa e o ambiente está fantástico.

Espero que tenham tido umas animadas festas de S. Pedro e S. Paulo, depois das vivências quentes do S. António e do S. João!

Tony Neves, em Chevilly-Larue, Paris

(Os artigos de opinião publicados na secção ‘Opinião’ e ‘Rubricas’ do portal da Agência Ecclesia são da responsabilidade de quem os assina e vinculam apenas os seus autores.)

Partilhar:
Scroll to Top