Lusofonias – Os gritos do Papa em Moçambique

Tony Neves

Todos os meios de comunicação social do mundo apontaram luzes para Moçambique de 4 a 6 de Setembro. O Papa foi lá em nome da reconciliação e da paz e com o objectivo de denunciar a pobreza de muitos e de pedir mais solidariedade para com as vítimas dos ciclones e mais futuro para as novas gerações de moçambicanos.

O Pavilhão de Maxaquene, em Maputo, foi pequeno demais para a festa inter-Religiosa dos jovens moçambicanos. O papa pediu a jovens cristãos, muçulmanos, hindus ou com outras convicções religiosas que escrevessem uma nova página na história do país, com paz, reconciliação e justiça. O Papa rasgou largos elogios à diversidade cultural e religiosa de Moçambique que tem potenciado riqueza e espantado o espectro de um violento regresso à guerra. Lembrou que um país se destrói pela inimizade, com a guerra como expressão mais dramática.

Com jovens, os exemplos desportivos são mais evidentes. Por isso, o Papa recordou o futebolista Eusébio e a atleta Maria Mutola, moçambicanos de sucesso em provas internacionais. Ambos saíram de famílias pobres, lutaram para chegar onde chegaram e, uma vez figuras públicas, ajudaram os mais pobres do seu país.

Francisco lembrou aos jovens que eles são muito importantes e que, por isso, não podem deixar que lhes roubem nem a alegria nem a esperança. O Papa recordou as vítimas dos ciclones Idaí e Keneth, consequência do descalabro ecológico, e apelou a um compromisso na protecção da Casa Comum.

Para chamar a atenção de realidades dolorosas (mas também de compromissos radicais em favor dos mais frágeis), o Papa visitou a ‘Casa Mateus 25’ que apoia crianças de rua, toxicodependentes e pessoas sem abrigo na cidade de Maputo. Foi ainda até ao Hospital Zimpeto ver uma das alas onde a Comunidade de S. Egídio acompanha e trata doentes de SIDA.

A Missa final foi marcada pela chuva e pela festa. O Papa lembrou as feridas ainda abertas por uma guerra civil muito violenta e pediu que todos superassem divisões através de uma reconciliação profunda, assente no perdão. Francisco também pediu um combate sem tréguas à corrupção que gerou e mantém uma sociedade de contrastes gritantes entre os poucos ricos e os muitos pobres. A prática da misericórdia e de uma ecologia integral vai rasgar a Moçambique novos caminhos de esperança no futuro.

Madagáscar e Ilhas Maurícias foram os países que se seguiram no acolhimento ao Papa. Voltaremos para falar destas visitas tão simbólicas.

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Agência ECCLESIA

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