LUSOFONIAS – O futuro de olhos nos olhos….

Tony Neves, em Roma

Desculpem, mas não resisti. Tinha prometido que o texto ‘o lugar da Mãe nas JMJ Lisboa’ seria o último sobre as Jornadas Mundiais da Juventude, mas recebi o livro com todos os ‘Discursos e Homilias’ e decidi mudar de ideias.

Ter uma visão de conjunto ajuda muito a perceber os objetivos que se pretendem alcançar e os métodos utilizados para lá chegar. Foram doze as intervenções oficiais do Papa, completadas com as respostas aos jornalistas na viagem de regresso a Roma. Li e sublinhei. Não vou fazer reflexões sobre reflexões, mas limitar-me a partilhar algumas das frases que me marcaram mais. Aí vão elas.

‘Estou feliz por estar em Lisboa, cidade do encontro que abraça vários povos e culturas. (…) Torna-se, de certo modo, a capital do mundo, a capital do futuro, porque os jovens são o futuro’. (…). Parece que as injustiças planetárias, as guerras, as crises climáticas e migratórias correm mais rapidamente do que a capacidade e, muitas vezes, a vontade de enfrentar em conjunto tais desafios’. (…). ‘No oceano da História, estamos a navegar num momento tempestuoso e sente-se a falta de rotas corajosas de paz’(…). ‘Investe-se mais em armas do que no futuro dos nossos filhos’. (…). ‘Imagino três estaleiros de construção da esperança onde podemos trabalhar todos unidos: o ambiente, o futuro, a fraternidade’(Centro Cultural de Belém).

No Mosteiro dos Jerónimos, o Papa Francisco disse: ‘Quando estamos desanimados, aposentamo-nos do zelo apostólico, perdemo-lo pouco a pouco e tornámo-nos ‘funcionários do sagrado’. (…). Somos chamados a lançar as redes de novo e a abraçar o mundo com a esperança do Evangelho’(…). Na barca da Igreja, deve haver lugar para todos. E não vos esqueçais desta palavra: ‘todos, todos, todos’. (…). ‘Que a Igreja não seja uma alfândega para selecionar quem entra e quem não entra’.(…). ‘Queremos sonhar a Igreja portuguesa como um ‘porto seguro’, para quem enfrenta as travessias, os naufrágios e as tempestades da vida’.

Ao mundo académico, na Universidade Católica, o Papa Francisco apostou em dois verbos: ‘procurar e arriscar: estes são os dois verbos do peregrino. Procurar e arriscar’. Lembrou que ‘as respostas fáceis anestesiam’, e pediu: ‘sede protagonistas de uma ‘nova coreografia’ que coloque no centro a pessoa humana, sede coreógrafos da dança da vida’.(…). ‘tende a coragem de substituir os medos pelos sonhos, não sejais administradores de medos, mas empreendedores de sonhos!’

O Encontro com os jovens das Scholas Occurrentes, em Cascais, levou o Papa a explicar: ‘Scholas é um encontro em que caminham todos, independentemente do país e da religião, pedindo apenas para olharem para diante e caminharem juntos’. (…). ‘Esta é a história do bom Samaritano e nenhum de nós está dispensado de ser um bom Samaritano’.(…). ‘Evito as dificuldades reais ou não temo sujar as mãos? Às vezes, na vida é preciso sujar as mãos, para não sujar o coração’.

A Cerimónia de Abertura, no Parque Eduardo VII, foi o primeiro grande banho de multidão do Papa. Disse aos jovens: ‘Cada um de nós é único e original’.(…). ‘Na Igreja há espaço para todos. Para todos. Na Igreja nenhum está a mais. Há espaço para todos. Assim como somos. Todos’.(…). ‘Jesus nunca fecha a porta, nunca. Mas convida-te a entrar: ‘entra e vê’. Jesus recebe, Jesus acolhe’. (…). ‘Mas podemos contar com uma grande ajuda: Maria é nossa Mãe’.

O Bairro da Serafina, nas periferias pobres de Lisboa, acolheu o Papa. Disse: ‘O olhar feito de compaixão, próprio do Evangelho, leva-nos a servir os pobres: os excluídos, os marginalizados, os descartados, os humildes, os indefesos’.

Na Via-Sacra, o Papa lembrou: ‘Cristo espera impelir-nos a abraçar o risco de amar. Porque, como sabeis, amar é arriscado. É preciso correr o risco de amar’.

Em Fátima, o Papa apresentou ao mundo ’Nossa Senhora Solícita’, ‘Mãe apressada’.

Momentos altos destas JMJ foram a Vigília e a Missa de Envio. Disse o Papa: ‘A única situação em que é lícito olhar de cima para baixo uma pessoa é para ajudar a levantar-se’. ‘Não temais, não temais! Coragem, não tenhais medo!’. E, no tradicional momento do ‘Angelus’, o Papa agradeceu a Lisboa, dizendo: ‘permanecerás na memória deste jovens como ‘casa da fraternidade’ e ‘cidade dos sonhos’.

Aos Voluntários falou das ondas da Nazaré: ‘continuai assim, continuai a cavalgar as ondas do amor, as ondas da caridade, sede surfistas do amor!’.

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Agência ECCLESIA

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