Lusofonias – Natal… em Roma

Tony Neves

Foto Zeferino Policarpo

Estive largos momentos a contemplar o presépio gigante da Praça de S. Pedro. Foi feito com areia. Ali passei diversas vezes quando estava a ser ‘moldado’ pelos artistas que lhe deram forma e arte. Nesses dias que antecederam a sua ‘abertura’ ao público, havia uma proteção que escondia os artistas e a obra de arte que ia saindo das suas mãos. Mas dava sempre para aproveitar umas frinchas para ir vendo a obra a nascer. O resultado final é fantástico. Até parece que as figuras do presépio têm vida.

O Natal vem aí, como já há muito nos avisam as lojas comerciais e as iluminações de rua. Mas, para os cristãos, o grande aviso é dado, dia após dia, domingo após domingo, nas celebrações do tempo de Advento. Ele vai nascer, Ele está para chegar, preparai os caminhos do Senhor! Estes e outros são convites da Bíblia para que Belém aconteça na vida de cada um. Sim, esse é o grande desafio do Natal para que este não seja apenas mais um, com luzes e presentes, mas sem o Cristo que dá sentido a esta festa.

Vou viver este Natal em Roma, como o já vivi em muitas outras partes do nosso mundo onde Cristo faz sempre falta, mas nem sempre tem lugar. Os valores expressos na ternura do Presépio convidam à Paz, ao Amor, à Justiça, ao Acolhimento, à Simplicidade, à Família e, claro está, à Fé neste Deus incarnado na história da humanidade.

O mundo está tenso, está ameaçado. A ecologia integral, de que tanto fala o Papa Francisco, está posta em causa. As injustiças são gritantes. A verdade anda cada vez mais longe das nossas comunicações. A paz continua a ser miragem para milhões de pessoas por esse mundo além. A liberdade é, em tantas situações, apenas uma palavra de dicionário. O Evangelho é, tantas vezes, letra morta, mesmo para os cristãos. Os imigrantes e estrangeiros não têm lugar nas nossas sociedades ocidentais, como Jesus não teve lugar nas hospedarias de Belém. Os direitos humanos são brutalmente violados. A fraternidade é engolida pelo excesso de egoísmo e individualismo que marca as sociedades de consumo.

O Natal de Jesus, vivido com integridade, resolve todos estes problemas e faz do mundo um espaço de justiça, paz e fraternidade. Estamos à espera de quê para mudar o mundo?

Sempre que descer à Praça de S. Pedro, irei gastar algum tempo a olhar este Presépio com olhos de fé e de confiança no futuro. Esta Família de Belém será sempre uma referência obrigatória. O ambiente pobre e simples constitui apelo permanente à partilha solidária e ao desprendimento dos bens materiais. Olhar o presépio com Fé ajuda a perceber a Missão deste Cristo que veio para viver e anunciar ao mundo os valores do Reino de Deus: a Justiça, a Paz, o Amor e Alegria.

Desejo a quantos me ouvirem e lerem um Santo, Feliz e Abençoado Natal de Cristo.

 

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