Tony Neves
A Igreja é sem fronteiras e o Evangelho tem como horizonte os confins da Terra. Os Espiritanos, espalhados por mais de 60 países, são uma ondinha neste oceano da Missão. Os portugueses são mesmo uma pequena gota!
Cada seis anos, os sinos tocam a rebate e há Capítulo Provincial. Este ano é desses! Por isso, foram feitas as eleições dos delegados, constituída a Comissão Pre-Capitular e convocadas todas as linhas para este grande encontro que tem lugar no Seminário da Torre da Aguilha, de 15 a 27 de Julho.
O esquema de uma Capítulo não tem novidade nenhuma: há relatórios, conferências de inspiração vindas de fora, debates, trabalhos de grupo e… eleição do novo Provincial e do seu Conselho. É este o caminho que temos pela frente! Para nos inspirar, contamos com D. José Ornelas e D. Manuel Clemente.
Os Relatórios do Superior Provincial e do Administrador dos Espiritanos em Portugal já estavam nas mãos dos Capitulantes há algum tempo. Ali se conta o que se fez e o muito que ficou por fazer nesta Missão que é projeto sempre em construção.
Apelativas e apaixonantes são sempre as narrativas, em primeira pessoa, da Missão que acontece nas linhas da frente. Assim, foi bom ouvir Cabo Verde a partilhar os novos desafios que lançam aos Espiritanos a rua, o hospital e a prisão. A Bolívia trouxe a angústia de uma situação política instável e também a riqueza do Congresso Missionário Americano que ali aconteceu estes dias. O Paraguai partilhou a alegria dos povos guaranis e o desafio do combate à injustiça estrutural que vitima as populações mais simples. O Brasil, esse imenso continente, viu-se como país em estado de revolução, mas com uma Igreja interveniente e ao serviço dos mais pobres. A Espanha disse quanto é difícil mas ousado trabalhar nas periferias de Madrid, Burgos ou Córdova. Moçambique mostrou as dificuldades de um povo que sente o contraste entre ricos e pobres, mas também partilhou a alegria de comunidades jovens e sempre a crescer. Angola apareceu no Capítulo com dois rostos: o do novo Bispo de Cabinda, D. Belmiro Chissengueti, pronto para o desafio de ser pastor no enclave; e o de um jovem padre português a viver e trabalhar no cimo das Quedas de Kalandula, com uma área missionária enorme e desafiante.
Escutar estes testemunhos enche a alma e motiva a partir. A alegria do Evangelho vê-se, de forma muito explícita, nestes espaços onde parece tudo faltar, mas onde os compromissos têm sempre recompensa quase imediata.
A procissão ainda vai no adro – dir-se-ia em qualquer ponto do nosso Minho católico! Mas, a verdade é que estamos todos em estado de Missão, abertos ao que o Espírito inspirar, numa atitude de escuta e disponibilidade para mudar o que for importante mudar. Só assim se pode justificar o lema escolhido, a partir de S. Paulo: ‘Não vos conformeis! Transformai-vos!’.
Tony Neves