Lusofonias: Lusofonia eclesial

Tony Neves

Cabo Verde acolheu o encontro dos ‘líderes’ das Conferências Episcopais dos países que falam português. Estas Igrejas nasceram da Evangelização dos missionários portugueses (e não só!) e sentiram-se ‘filhas’ da Igreja portuguesa, a ‘mãe’ que ‘nascera’ logo nos inícios da aventura do Evangelho de Cristo. Hoje, com o andar dos tempos, são todas ‘Igrejas Irmãs’.

Os encontros ‘lusófonos’ de Bispos são anteriores ao encontro dos líderes políticos, na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, conhecida por CPLP. É longa e profunda a história comum que une estes países lusófonos. Junta-nos cultura, cumplicidade e sintonia. Somos verdadeiramente irmãos, pois sentimo-nos sempre em casa.

A Igreja Católica, nestes países, percebeu cedo que havia muito a ganhar com reunir forças e partilhar ideias. E bastou um primeiro encontro para não mais deixarem de reunir os presidentes das conferências episcopais. Um breve olhar sobre a realidade católica dos países da lusofonia ajuda a compreender a riqueza que ali há, mas também os enormes desafios que são lançados.

Portugal tem uma tradição ancestral de cristianismo. Tem a maturidade das velhas Igrejas e o cansaço de quem parece ter esgotado a criatividade pastoral. O Brasil tem a vitalidade de uma América Latina interveniente na luta contra as ditaduras e as pobrezas estruturais. Angola traz a experiência de uma família que se uniu para combater a guerra e o cortejo das desgraças que gerou. Moçambique ajuda a construir pontes com a fé islâmica tão implantada neste país da África oriental. Macau é ponte de culturas e de expressões plurais de fé, naqueles confins da Ásia. Timor prova ao mundo a coragem de defender os valores cristãos quando tudo parecia condenado a desaparecer. A Guiné-Bissau demonstra que o diálogo entre etnias e convicções religiosas é difícil, mas um desafio a que é sempre necessário responder. As Ilhas de S. Tomé e Príncipe são exemplo do encontro de povos e culturas, onde a fé marca o dia a dia destas gentes pobres e muito abandonadas à sua insularidade. Cabo Verde é o país africano lusófono com o maior número de católicos, tendo sido brindado pelo Papa Francisco com a escolha de D. Arlindo Furtado para cardeal.

O encontro de Cabo Verde foi uma festa da lusofonia católica. Sempre com a certeza de que os católicos não estão sozinhos nesta tentativa de propor e viver os valores do Reino de Deus. Caminham com os outros cristãos, em vivência ecuménica. Partilham a vida ainda com todos os crentes de outras Religiões, num assumido e arrojado diálogo interreligioso. E estão disponíveis para construir um mundo mais humano e mais fraterno com todas as pessoas de boa vontade, em constante e profundo diálogo intercultural.

De mãos dadas, juntos, em comunhão, as Igrejas lusófonas contribuem para que o Evangelho chegue a mais corações e ajudem as sociedades a ser mais justas e mais fraternas.

 

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Agência ECCLESIA

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